domingo, dezembro 17, 2006

Negro e Amargo Blues




Negro e Amargo Blues talvez seja o principal livro de James Lee Burke. Pelo menos foi com ele que o autor levou o Edgar de melhor novela em 1990.

É o terceiro livro com o detetive Dave Robicheaux (de um total de 16 já lançados nos EUA, 5 já desembarcaram por aqui). Suas tramas não são no estilo do que os americanos denominam "whodoit?" (quem matou?). Está mais para: "como Robicheux convencerá os homens maus a pararem com isso?"

O ex-investigador está aposentado, vivendo da venda de iscas e do aluguel de barcos na Lousiana, próximo ao Golfo do México. Vivem com ele, sua filha adotiva Alafair (nome verdadeiro de uma das filhas do autor) e mais dois empregados. Uma vida aparentemente tranqüila. Suas angústias podem ser consideradas normais para um ex-alcoolátra que ficou viúvo de maneira trágica.

Mas, a encrenca parece que o persegue. Meio sem querer acaba se envolvendo com o amigo Dixie Lee Pough, um velho astro de rock dos anos 50 e Clete Purcell, seu antigo parceiro em New Iberia. O alcóol e a grana às vezes nos levam a caminhos indesejáveis...

E quem acaba na mira da Lei é o próprio Robicheaux. A penitenciária de segurança máxima Angola o espera. E ele não vai querer deixar sua menininha Alafair sozinha no mundo.

Robicheaux é um dos grandes detetives da atual literatura americana. Bastante atormentado por seu passado e extremamente violento quando necessário, suas histórias são ansiosamente aguardadas por uma legião de fãs. Neste livro ele está em grande forma.

Notas do livreiro:

1. "Negro e Amargo Blues" (Black cherry blues) é o nome de uma música criada por Dixie Lee. A letra retrata a amargura, a angústia e o remorso do velho amigo de Robicheaux pelos crimes que cometeu e que o fizeram cumprir pena. É uma homenagem ao vinho de cereja vendido ilegalmente na cadeia.

"Negro e Amargo Blues - Dixie Lee Pough"
Você pode se entregar, você pode até cair
De beber e se drogar.
Isso não importa, paizinho,
Porque você nunca vai esquecer
O gosto da prisão,
Do vinho negro e amargo
Do blues desta canção.


2. Este livro foi eleito 1 dos 100 melhores livros de mistério do século, selecionado pela IMBA (Independent Mystery Booksellers Association)

Abraços Criminais.

domingo, dezembro 10, 2006

The Children of Men (Filhos da Esperança)



Filhos da Esperança (The Children of Men, 2006) acabou de estrear nos cinemas brasileiros. Dirigido por Alfonso Cuarón. Com Clive Owen, Julianne Moore e Michael Caine.

É um filme de ficção científica, baseado em livro homônimo de PD James. O ano é o de 2027 e a raça humana está próxima da extinção. Os seres humanos perderam a capacidade de procriar. As mulheres não engravidam mais. O homem mais jovem do planeta tem 18 anos.

O que passaria na cabeça de um homem sabendo que não haverá futuro para sua espécie? Alguns tentariam desesperadamente arrumar alternativas para aumentar seu tempo de vida na Terra. Uns perderiam a esperança no futuro e a razão de viver. Outros iriam enlouquecer e se unir a fanáticos religiosos ou outros grupos de lunáticos buscando explicações para o inexplicável. O caos estaria implantado.

Para organizá-lo, um sistema totalitário, baseado na força militar. Este é o cenário da Londres em que Theo (Clive Owen) tenta escapar com uma "Fugi" (imigrante ilegal) grávida. Deve levá-la ao "Projeto Humano", onde a resistência ao regime trabalha com pesquisas para tentar salvar a humanidade.

O thriller político tem um ritmo alucinante. As sequências são de tirar o fôlego. E em alguns momentos, o filme tem a aparência de um documentário. O sangue chega a jorrar nas câmeras.

Apesar disso, o diretor deixa claro que o filme é somente inspirado no livro. A essência do que foi imaginado por PD James foi preservada. Mas o filme acaba deixando muitas perguntas sem respostas. A primeira reação após terminar o filme é ir atrás do livro (ainda não editado no Brasil). Buscar explicações para algumas questões e terminar de montar o quebra-cabeça imaginado por PD James.

Enquanto o livro não chega por aqui, divirtam-se com uma pequena ficha técnica da obra na wikipédia (em inglês).

Abraços criminais,

domingo, dezembro 03, 2006

Mamãe não voltou do supermercado



"Um Pulp que pensa que é Spillane" Mario Bortolotto

Assim o próprio autor definiu seu livro "Mamãe não voltou do supermercado", na última Balada Literária, ocasião do seu re-lançamento.

Quem somos nós para contestar?

"Mamãe..." é pulp, no seu melhor sentido. Livro com preço bem em conta, com uma história absurda, entretenimento rápido e extremamente divertido.

A história é narrada, em primeira pessoa, por Caio. Um pequeno marginal sem muitas aspirações, que cometia um delito aqui, outro ali. Nada demais. Aí um belo dia executam no supermercado a mãe do cara, uma senhora simples e que "nunca fez mal a ninguém". Intrigado, começa a perguntar. Sua rede de relacionamentos: travestis, prostitutas, traficantes e outras figuras urbanas. O ritmo é acelerado. Londrina, Ourinhos, Foz do Iguaçu e São Paulo.

As mortes começam a ocorrer em sequência, no mesmo ritmo das transas. Imaginação a mil, regada com alguns requintes de crueldade.

A violência, a postura machista e a vingança com as próprias mãos, nos fazem lembrar das histórias de Mike Hammer, o detetive de Mickey Spillane.

Pra terminar, um final chocante - engraçado e trágico. Bortolotto leva jeito pros policiais. Esperaremos o próximo.

Abraços criminais,

Notas do livreiro:

Mario Bortolotto é dramaturgo e autor do blog Atire no Dramaturgo. O título é uma homenagem ao livro Atire no Pianista, de David Goodis, levado ao cinema por Truffaut. Alías, o autor (Goodis) é citado no livro, em um momento chave da trama.

domingo, novembro 26, 2006

Jack, o estripador



Jack, the ripper, o mais famoso serial killer de todos os tempos. Já há 118 anos. Os crimes são reais, mas se configuram quase como ficção. Afinal são tantas teorias, livros, filmes, investigações, sondagens e especulações para descobrir a verdadeira identidade do assassino que começo a pensar que qualquer uma delas vale. Não passam de versões, leituras, da realidade.

Mais de 200 pessoas estiveram sob suspeita de ser o assassino. Os nomes vão do escritor Lewis Carroll, autor de "Alice no País das Maravilhas", ao obstetra da família real.

O assunto voltou novamente à tona com a divulgação de um suposto retrado falado de Jack. "Com a ajuda de programas de computador e outras tecnologias de ponta, um ex-chefe da Scotland Yard conseguiu montar um retrato falado de Jack, o Estripador, o mais conhecido serial killer do século 19. De acordo com o jornal britânico The Independent, John Grieve, que já esteve à frente da divisão de homicídios, analisou as transcrições dos relatos de 13 pessoas que disseram ter visto o assassino para montar o retrato. O resultado mostra o assassino como um homem baixo, de cabelo e bigode negros, rosto magro e idade entre 25 e 35 anos." (O Estado de São Paulo, 21/11/2006)

Antes disso, a última repercussão do caso foi com o lançamento do livro Retrato de um Assassino, de Patricia Cornwell. Ela investiu quase US$ 4 milhões para montar um equipe e dissecar o caso, bem ao estilo Kay Scarpetta, a médica-legista que protagoniza seus romances, quase todos com a presença de serial-killers. Cornwell diz ter encerrado o caso, apontando o pintor Walter Sickert como autor dos crimes.

No cinema, a última aparição foi em A Verdadeira História de Jack, o Estripador (From Hell, 2001) com Johny Deep e Heather Graham. Outra versão, mais uma ficção.

Alías, o filme é na verdade inspirado nos gibis "Do inferno" da premiada dupla Allan Moore (roteirista) e Eddie Campbell (ilustrador) que também aborda os assassinatos de Whitechapel.

    

A divulgação do retrato falado, apesar de não descartar a teoria de Cornwell, coloca mais lenha na fogueira.

"Muita gente acredita que a tese de Patricia Cornwell encerra o assunto. Tenho dúvidas, não creio que seja "a closed case", como ela afirma, e não me surpreenderei se outras teses, também aparentemente verdadeiras, surgirem no futuro." Rubem Fonseca, em um artigo JACK, O ESTRIPADOR disponível em Portal Literal.

Quer mais algumas pistas? O que acha de visitar Londres e fazer uma visita guiada pelos locais dos crimes. Dentre as várias opções deste tipo de passeio, dêem uma olhada no Jack The Ripper Tour, quem sabe você não volta com mais uma versão...

Abraços criminais,

sábado, novembro 18, 2006

Agatha Christie Mailing List




Taí uma grande dica para os fãs de Agatha Christie. E para os fãs de mistérios em geral: O Agatha Christie Mailing List.

Começou como um grupo de discussão (ainda é um grupo de discussão do Yahoo), mas acabou virando um pouco mais do que isso. Além das discussões sobre os diversos livros da Dama do Crime, os participantes desenvolvem outros projetos bem interessantes. Daí saiu até um romance, no estilo "várias mãos" de A Morte do Almirante: "A Sombra da Verdade".

E mais: alguns contos escritos também a várias mãos - e cabeças, afinal não me lembro de mãos escrevendo sozinhas... Opa lembrei, na Família Addams tinha uma, O Coisa, mas aí já é outra história. E ainda um pequeno concurso de contos e interessantes cartas do século XVIII. Fora os projetos que permanecem no papel esperando por mais mãos, e cabeças, e pescoços, e pernas, e braços inteiros para transformá-los.

Vale a pena uma visita. Eu já me cadastrei. Vamos ver o que rola...

Abraços Criminais,

terça-feira, novembro 07, 2006

No rastro de Chet Baker



Bill Moody é um escritor nada convencional. Sua verdadeira profissão é músico. Então, nada mais natural que seu detetive, Evan Horne, também o seja. Mas as semelhanças parecem terminar por aí: Moody é baterista e Horne, pianista. Um pianista-detetive. Conhece muito de música (acho que as semelhanças ainda não terminaram), particularmente de Jazz, e utiliza seu conhecimento para desvendar crimes seguindo as pistas jazzísticas deixadas pelos meliantes.

Os livros de Moody são recheados de referências às obras e aos artistas do Jazz. Uma verdadeira aula - para entendidos e iniciantes. Impossível terminar de ler e não ir atrás das dicas dos personagens. No final dos livros há inclusive uma discografia selecionada pelo autor (ou será pelo detetive?)

"No rastro de Chet Baker" é o segundo livro com o detetive editado no Brasil. Evan Horne acaba de desvendar um caso de um serial-killer (estória contada no primeiro livro da série, "Viva Bird!") e está atrás de um pouco de sossego.

Até seu amigo Ace Buffington lhe propor uma "parceria" para descobrir as verdadeiras circunstâncias da morte do trompetista Chet Baker: acidente, suicídio ou assassinato? Horne não aceita o convite, mas depois que o amigo some, acaba obrigado a seguir o rastro de Chet Baker. O cenário da investigação é Amsterdã, em meio a uma disputada turnê de shows e os becos da Cidade Velha. As armas do detetive são suas amizades no mundo da música, o grande carisma e inteligência acima da média.

Boa pedida!

Notas do livreiro:

1. Fletcher Paige, grande saxofonista, amigo e parceiro na turnê musical de Evan é um grande colecionador de livros de mistério. Seus autores preferidos são: Raymond Chandler, Ross MacDonald, Walter Mosley, Elmore Leonard e um carinha novo, Gary Philips (ainda não editado no Brasil)

2. Evan, em uma de suas manhãs em Amsterdã, visita a Livraria do Crime de lá, a livraria "Alibi" e compra de presente para o amigo Fletcher um livro de Charles Willeford e seu detetive Hoke Moseley (estes também ainda não desembarcaram por aqui).

3. Em uma passagem do livro, seu amigo Coop, investigador do FBI, é interrompido com um telefonema enquanto está assistindo ao filme "Operação França", grande produção inspirada no título homônimo de Robin Moore.


Abraços Criminais,

sexta-feira, novembro 03, 2006

A Promessa do Livreiro



"Um sábio uma vez me disse que alguns de nós não foram feitos para serem escritores"
"Mesmo um sábio não pode saber de tudo"
(da pág. 432, do livro aí de cima)

Frases instigantes que refletem bem os espíritos do detetive Cliff Janeway e de seu criador, o autor-livreiro, John Dunning.

O primeiro porque sempre tem uma resposta para tudo.
O segundo porque leva sua vida sem parecer se importar com os aparentes obstáculos que ela lhe impõe. Simplesmente os ignora e segue adiante.

A promessa do livreiro - terceiro livro com a presença de Janeway - tem um pouco disso. Livro excepcional, daqueles que você não quer terminar de ler. E quando termina, ele continua presente.

Cliff Janeway decide largar sua vida de detetive e monta uma livraria, com especialização em livros raros (John Dunning, o autor, tem uma livraria nos mesmos moldes, a Old Algonquin Books).

A paixão pelos livros leva Janeway até Richard Burton, lendária figura, considerado um dos maiores aventureiros de todos os tempos. Dominava 29 línguas, conhecia dialetos, era um grande explorador, estudioso de antropologia, botânico, autor de 30 livros, espadachim, homem de grande força física e mental e, em seus últimos anos, tradutor dos 16 volumes das Mil e Uma noites, do Kama Sutra e de outros clássicos orientais proibidos. E tudo isso no final do século XIX.

A coisa começa a se complicar quando uma senhora chega em sua livraria com um exemplar autografado por Burton e com uma dedicatória no mínimo curiosa. E toma dimensões desproporcionais quando o livreiro promete recuperar os demais livros da coleção. Está montada a trama.

No centro dela, os livros. Estes objetos malucos que têm o poder de mudar um homem, uma vida, a história. Janeway começa a recuperar os acontecimentos de um século, meio século e alguns dias atrás para cumprir sua promessa.

Promessa é Dívida. E esta, às vezes, leva um bom tempo pra ser definitivamente liquidada.

Abraços criminais,

quarta-feira, outubro 25, 2006

30ª Mostra Internacional de Cinema



A versão número 30 da Mostra de Cinema de São Paulo. Taí um evento que não se pode perder. São poucas sessões de cada filme. E alguns com horários pra lá de malucos para a maioria dos mortais. Mesmo assim, vale a pena o esforço.
A variedade e a quantidade dos filmes são gigantescas. Fizemos uma pequena seleção de alguns filmes que parecem ser interessantes e que d algum modo se relacionam com a literatura de crime e mistério.

A Cobradora de Apostas (2006)

Bandidos de Milão (1968)

Dia Noite, Dia Noite (2006)

El Cobrador (2006)

Este Crime Chamado Justiça (1971)

Hiena (2006)

Histórias Tenebrosas (1919)

Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita (1970)

Komma (2006)

Las Vueltas del Citrillo (2005)

Luzes na Escuridão (2006)

O 10º Homem (2006)

O Brinquedo Proibido (1979)

O Grande Truque (2006)

Os Infiltrados (2006)

Réquiem para Billy the Kid (2006)

Taxidermia (2006)

Tenebrae (2005)

Violência em Família (2006)

Abraços Criminais

sexta-feira, outubro 20, 2006

quarta-feira, outubro 18, 2006

O Mercador de Café



David Liss tem se especializado em suspenses históricos, abordando muito bem temas relacionados às finanças e à economia. Depois do ótimo “Conspiração de Papel”, onde o ex-boxeador Benjamin Weaver se envolve em uma trama com títulos de uma empresa inglesa, neste “O Mercador de Café” o cenário é a Holanda do século XVII, com as tensões se passando na bolsa de valores, em meio a títulos futuros e opções de compra e venda de mercadorias.

O leitor é “literalmente” transportado para a Amsterdã de 1659:

“Os sinos de Nieuwe Kerk badalavam duas vezes, indicando o fim das movimentações na bolsa de valores. Centenas de corretores saíam para a Dam, a grande praça no centro de Amsterdã. Espalhavam-se pelos becos, ruas e margens do canal. Ao longo da Warmoesstraat, caminho mais rápido para as tavernas mais populares, os vendedores ficavam do lado de fora das lojas envergando chapéus de abas largas para protegê-los das emanações do Zuiderzee. Expunham sacos de especiarias, rolos de linho, barris de tabaco. Alfaiates, sapateiros e chapeleiros convidam os clientes a entrarem nas oficinas enquanto vendedores de livros, canetas e quinquilharias exóticas anunciavam suas mercadorias.”

“A Warmoesstratt tornava-se uma enxurrada de chapéus e roupas negras, maculada apenas pelos colarinhos, mangas e meias brancas, ou pelo brilho das fivelas de prata dos sapatos. Os negociantes vendiam bens do Oriente e do Novo Mundo, vindos de lugares a respeito dos quais ninguém ouvira falar cem anos antes. Excitados como escolares liberados da sala de aula, os comerciantes falavam de seus negócios em uma dúzia de idiomas diferentes. Riam, gritavam, apontavam e agarravam qualquer coisa jovem e feminina que cruzasse seu caminho. Sacavam as suas bolsas e devoravam as mercadorias dos lojistas, deixando apenas moedas à sua passagem.”

O livro tem como carro chefe as artimanhas e negociatas de comerciantes judeus buscando a fortuna rápida nos mercados de valores. O protagonista principal, o judeu-português Miguel Lienzo, tenta a todo o custo salvar sua reputação de grande negociador e enriquecer com um produto até então desconhecido da população européia: o café. Suas armações para controlar o mercado do produto esbarram nos interesses de poderosos grupos, muitos deles representados pela classe dirigente da comunidade judaica recém chegada à Amsterdã.

Neste jogo, traições, trapaças, ameaças, vinganças e mentiras são as peças a serem movimentadas por personagens interessantíssimos como Alonzo Alferonda, Solomon Parido e Geertruid. Vale a pena conferir.

Curiosidade: Ao longo da obra, Miguel Lienzo se distrái com as revistas do ladrão “Pieter, o galante”. Não sabemos se o personagem realmente existiu ou se é uma homenagem a outros ladrões da literatura, como Arsene Lupin, de Maurice Leblanc. Se souberem de alguma pista...

Abraços Criminais

sábado, outubro 14, 2006

Balada Literária

Para o próximo final de semana, um conselho: Desmarquem seus compromissos, deixem comida pro cachorro, levem as crianças para dormir nos avós, dispensem as secretárias (a secretária eletrônica não precisa) e preparem-se para a Balada Literária!.


"Escritores e músicos. Fotógrafos e atores. Cantores e ilustradores. Espectadores e leitores, enfim. Todos dentro de uma mesma balada. De 19 a 22 de outubro. Quase uma centena de artistas reunidos em lançamentos, bate-papos, performances, exposição e shows."

O ideal será curtir toda a festa, mas para os que não puderam fazer de tudo, deixem pelo menos o sábado, dia 21, livre na agenda.

De manhã, às 10 hs, na Livraria da Vila (Vila Madalena), a Mesa Número 4 terá entre seus debatedores o autor Flávio Moreira da Costa, um dos maiores especialistas em literatura policial no Brasil. Autor de vários livros policiais e organizador de preciosas antologias sobre o tema.

À noite, a partir das 20 hs, na Praça Roosevelt, ocorrerão os lançamentos de vários livros, entre eles destaque para "Mamãe não voltou do supermercado", livro policial do paranaense radicado em São Paulo, Mário Bortolotto.

Na mesma noite se dará o lançamento da edição número 3 do jornal literário carioca Bagatelas!, com uma seção dedicada exclusivamente aos contos policiais.

Não dá pra perder. A gente se vê por lá.

Abraços criminais,

quinta-feira, outubro 12, 2006

Souvenir Iraquiano



Souvenir Iraquiano, de Robinson dos Santos (Editora Cultura em Movimento, 2005) é um título raro no mercado editorial brasileiro. É um livro de espionagem, escrito por um brasileiro e com personagens brasileiros.

Os livros de espionagem tiveram um boom comercial, principalmente após a 2ª Guerra Mundial e durante a Guerra Fria. Autores como Graham Greene, John Le Carré, Frederick Forsyth, Ian Fleming e Eric Ambler trouxeram ao público elementos até então obscuros e desconhecidos, como os bastidores das principais agências de espionagem, o dia-a-dia dos espiões e as estratégias dos estados.

A princípio espelhavam um maniqueísmo explicito, alheio a realidade, mas repletos de ação e suspense. Ao longo do tempo vão evoluindo e os personagens começam a não ser mais facilmente identificados por bons ou maus, mas sim por seus momentos bons e maus.

E é esse espírito que se mostra bastante presente na obra de Robinson dos Santos. A trama é conduzida por três personagens centrais, todos com o mesmo objetivo – roubar relíquias arqueológicas no Iraque pré Guerra do Golfo. Os motivos é que os diferenciam.

Luciano, um brasileiro desesperado para pagar as dívidas de um golpe mal sucedido e com crescentes despesas hospitalares de sua filha com leucemia, pensa ter tido a idéia genial que o tiraria do buraco.

O General iraquiano Fahed não agüenta mais defender as forças armadas de um país que já não é mais o seu. Quer dar uma vida mais digna e serena para sua família.

O espião americano da CIA, Wittmann quer simplesmente largar o emprego e viver sua vida sem nunca mais se preocupar com dinheiro.

Talvez uma usina nuclear desativada, no coração do Iraque, em meio a operação Tempestade no Deserto, onde as atenções estivessem todas voltadas à anunciada Guerra do Golfo, pudesse ser a solução.

Pelas ocupações percebe-se que não são pessoas preocupadas em fazer o bem, em construir uma sociedade melhor. E quem se preocupa com isso? O que há de errado em querer uma vida melhor para você e sua família? Nossa sociedade já há algum tempo parece ter abandonado qualquer outra ideologia que não seja a acumulação de riquezas.

É cada um por si e o Dinheiro contra todos. Nesta luta, o meio (a grana) é sempre o mesmo. Vale tudo para colocar a comida em casa, cuidar da saúde dos filhos ou mesmo comprar uma Ferrari nova. Será?

Souvenir Iraquiano mostra que as escolhas têm seus preços. Que sempre haverá pessoas dispostas a pagar por elas. E sempre haverá aquelas que demorarão muito para quitá-las definitivamente.

sábado, outubro 07, 2006

Cúmplices pelo Mundo

A Livraria do Crime é a única livraria especializada em literatura policial do Brasil e da América Latina.

Ok, mas não estamos sozinhos neste mundo. Nunca estamos sozinhos, em lugar nenhum. Se não tiver alguém com vc, certamente há alguém pensando em vc.

Então, em primeira mão, selecionamos algumas "Livrarias do Crime" espalhadas pelo globo. São sites que capricham no visual e no conteúdo. Grande oportunidade para os mais curiosos acompanharem as novidades que rolam por outras bandas.

Na Espanha, em Barcelona, encontramos a Negra Y Criminal. A livraria é ponto de encontro dos aficionados em novela negra a parada obrigatória dos principais autores europeus do gênero. Além disso eles capricham no visual do site.

Na Itália, os famosos Libri Gialli viraram verdadeira referência cultural. São dezenas e dezenas de coleções, filmes e séries de TV. Sucesso absoluto de público. E não poderiam faltar livrarias especializadas no tema. O site Libri Gialli, é um dos nossos favoritos.

Na França, de cada 5 livros vendidos, 1 é policial, ou polar, como eles os denominam por lá. Vejam o site da Black Zone e bom divertimento!

Na Alemanha, a Krimi-Couch. Para quem entende o alemão (o que não é o meu caso), boa pedida. Na lista dos Dez + Autores da livraria, sete deles você encontra também na Livraria do Crime.

Na Irlanda, um país envolto em tumultos e conflitos religiosos também tem espaço para a ficção. Descobrimos a No Alibs, em Belfast. O site não pode ser chamado de moderno, mas vale por seu conteúdo.

Na Inglaterra, terra de Agatha Christie, Murder One, de Londres.

Por último, os EUA, que dispensam comentários. Os caras são os que mais produzem e os que mais consomem literatura policial no mundo. Dentre as dezenas de livrarias do gênero, destaque para a Poisoned Pen e Murder By The Book.

Estas são as livrarias que estão na net. Existem centenas de outras espalhadas pelo mundo, mas que, por enquanto, funcionam somente com a loja física.

Se faltou alguma, não hesitem em nos informar.

Abraços Criminais.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Jorge da Capadócia

Jorge da Capadócia
Composição: Jorge Benjor

Jorge sentou praça
na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também
sou da sua companhia

Eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge.
Para que meus inimigos tenham mãos
e não me toquem.
Para que meus inimigos tenham pés
e não me alcancem.
Para que meus inimigos tenham olhos
e não me vejam.
E nem mesmo um pensamento eles possam ter
para me fazerem mal

Armas de fogo
meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem
sem o meu corpo tocar.
Cordas e correntes arrebentem
sem o meu corpo amarrar.

Pois eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge

Jorge é de Capadócia
Salve Jorge!
Salve Jorge!

Jorge é de Capadócia
Salve jorge!
Salve jorge!

sábado, setembro 30, 2006

Eleições 2006

Amanhã definiremos os caras que estarão no comando do país (pelo menos teoricamente) nos próximos quatro anos. Não que isso vá mudar o ritmo de nossas vidas, alterar a nossa rotina. Mas não deixa de ser um momento de reflexão, de renovação, de dar mais um passo importante na construção do regime democrático no país. Tudo muito bonito, emocionante até.

Aí vem a realidade! Difícil mesmo tá encontrar os candidatos. Com todo mundo que converso, não vi ninguém que bata no peito com absoluta convicção da escolha que fez ou fará. Ô sinuca de bico!

Então, por que não apelar para uma lista ideal vinda, de preferência, das páginas da ficção policial? Para não cair na mesmice e trocar seis por meia dúzia, vamos deixar os bandidos e vilões de lado e se concentrar somente nos detetives:

Deputado Estadual: Salvo Moltalbano

Um cara novo, com energia e determinação para propor e implementar as mudanças necessárias ao país. Absolutamente incorruptível, demonstrou em inúmeras oportunidades os valores que esperamos de nossos representantes.

Deputado Federal: Columbo (emprestado da série de TV)

Experiente, de caráter inabalável, não deixa uma pergunta sem resposta. Com sua grande habilidade de persuasão, será fundamental principalmente nos trabalhos de bastidores do congresso, convencendo as bases a votar as matérias importantes para o crescimento da nação.

Senador: Nero Wolfe

Ok, os índices de faltas serão os maiores já registrados na história do senado. Mas pelo menos teremos a certeza que as verbas com assessores serão bem empregadas. Nada de nepotismo. Archie Goodwin será fiel as posições de Nero Wolfe e as defenderá com todas as suas forças.

Governadora: Miss Marple

Segura, de fala mansa, incisiva nas horas certas, sem papas nas línguas. Seu senso natural de justiça e o grande respeito conquistado junto às forças policiais farão dela uma grande combatente do crime organizado no estado.

Presidente: Auguste Dupin

Inteligência acima da média. Grande poder de observação. Nada e ninguém passa incólume às suas deduções e racionalizações. Definirá as prioridades e encontrará as soluções para o "enigma" do crescimento econômico.

Seria bom demais, não seria? Sorte nossa que eles estarão sempre por aqui.

Abraços criminais,

quarta-feira, setembro 27, 2006

Scanner Darkly

Buona Sera,
Estamos de volta. Agora pra falar um pouco da nossa expectativa para a estréia de O Homem Duplo "A Scanner Darkly", no cinema. Baseado no livro homônimo de 1977 de Philip K. Dick, o filme vem com um visual pra lá de arrebatador, com um pouco do estilo de Sin City. Dick é um dos grandes escritores de ficção científica. Não é a primeira vez que o autor é adaptado à tela grande. Blade Runner (Ridley Scott, 1982), inspirado em seu livro "Do Androids Dream of Electric Sheep?", Minority Report (Steven Spielberg, 2002), baseado em um conto de 1958 e O Vingador do Futuro (1990), são alguns deles. No elenco Keanu Reeves, Woody Harrelson, Robert Downey Jr. e Winona Ryder.

No futuro imaginado por Dick as drogas dominaram a Califórnia. O lance do momento é uma tal substância D, um alucinógeno que, dentre seus efeitos, faz as pessoas assumirem dupla personalidade. O policial Fred, viciado na droga, está na captura do maior traficante das redondezas. Só que perseguidor e perseguido são a mesma pessoa. Um policial futurista, com cara de thriller psicológico e que aproveita bem a grande onda dos HQs.



A gente ainda não viu, mas se já quiserem uma opinião de quem viu, leiam a doida resenha de Beto de Nigris no Bagatelas!

Para ver obras de Philip K. Dick disponíveis na Livraria do Crime, clique aqui.

Até a próxima!

segunda-feira, setembro 25, 2006

Benvenuti e Padre Brown

Olá,

Nasce hoje o espaço-policial-ficcional da Livraria do Crime.
Espaço, ou extensão ilimitada ou infinitamente grande, podendo ser pequena ou minúscula, que contém seres ou coisas e é campo de todos os eventos;
Policial, da Literatura, mas quem sabe também nas outras artes, Ficcional, imaginativa, inventada, viajada, na maiosa, naquela que foi, voltou e no final ficou pra ver qualé que era.

E vem aí a Editora Sétimo Selo, mandando muito bem com a Inocência do Padre Brown, de GK Chesterton. Acertaram na mosca. A edição, prometida para a primeira quinzena de outubro, virá com apêndice do próprio autor "Como escrever uma história de detetive" e tradução de Carlos Nougué (Prêmio Jabuti de tradução de 1994). Ponto para a editora.

Devagar vamos pegando a manha.

Até a próxima.