domingo, novembro 26, 2006

Jack, o estripador



Jack, the ripper, o mais famoso serial killer de todos os tempos. Já há 118 anos. Os crimes são reais, mas se configuram quase como ficção. Afinal são tantas teorias, livros, filmes, investigações, sondagens e especulações para descobrir a verdadeira identidade do assassino que começo a pensar que qualquer uma delas vale. Não passam de versões, leituras, da realidade.

Mais de 200 pessoas estiveram sob suspeita de ser o assassino. Os nomes vão do escritor Lewis Carroll, autor de "Alice no País das Maravilhas", ao obstetra da família real.

O assunto voltou novamente à tona com a divulgação de um suposto retrado falado de Jack. "Com a ajuda de programas de computador e outras tecnologias de ponta, um ex-chefe da Scotland Yard conseguiu montar um retrato falado de Jack, o Estripador, o mais conhecido serial killer do século 19. De acordo com o jornal britânico The Independent, John Grieve, que já esteve à frente da divisão de homicídios, analisou as transcrições dos relatos de 13 pessoas que disseram ter visto o assassino para montar o retrato. O resultado mostra o assassino como um homem baixo, de cabelo e bigode negros, rosto magro e idade entre 25 e 35 anos." (O Estado de São Paulo, 21/11/2006)

Antes disso, a última repercussão do caso foi com o lançamento do livro Retrato de um Assassino, de Patricia Cornwell. Ela investiu quase US$ 4 milhões para montar um equipe e dissecar o caso, bem ao estilo Kay Scarpetta, a médica-legista que protagoniza seus romances, quase todos com a presença de serial-killers. Cornwell diz ter encerrado o caso, apontando o pintor Walter Sickert como autor dos crimes.

No cinema, a última aparição foi em A Verdadeira História de Jack, o Estripador (From Hell, 2001) com Johny Deep e Heather Graham. Outra versão, mais uma ficção.

Alías, o filme é na verdade inspirado nos gibis "Do inferno" da premiada dupla Allan Moore (roteirista) e Eddie Campbell (ilustrador) que também aborda os assassinatos de Whitechapel.

    

A divulgação do retrato falado, apesar de não descartar a teoria de Cornwell, coloca mais lenha na fogueira.

"Muita gente acredita que a tese de Patricia Cornwell encerra o assunto. Tenho dúvidas, não creio que seja "a closed case", como ela afirma, e não me surpreenderei se outras teses, também aparentemente verdadeiras, surgirem no futuro." Rubem Fonseca, em um artigo JACK, O ESTRIPADOR disponível em Portal Literal.

Quer mais algumas pistas? O que acha de visitar Londres e fazer uma visita guiada pelos locais dos crimes. Dentre as várias opções deste tipo de passeio, dêem uma olhada no Jack The Ripper Tour, quem sabe você não volta com mais uma versão...

Abraços criminais,

sábado, novembro 18, 2006

Agatha Christie Mailing List




Taí uma grande dica para os fãs de Agatha Christie. E para os fãs de mistérios em geral: O Agatha Christie Mailing List.

Começou como um grupo de discussão (ainda é um grupo de discussão do Yahoo), mas acabou virando um pouco mais do que isso. Além das discussões sobre os diversos livros da Dama do Crime, os participantes desenvolvem outros projetos bem interessantes. Daí saiu até um romance, no estilo "várias mãos" de A Morte do Almirante: "A Sombra da Verdade".

E mais: alguns contos escritos também a várias mãos - e cabeças, afinal não me lembro de mãos escrevendo sozinhas... Opa lembrei, na Família Addams tinha uma, O Coisa, mas aí já é outra história. E ainda um pequeno concurso de contos e interessantes cartas do século XVIII. Fora os projetos que permanecem no papel esperando por mais mãos, e cabeças, e pescoços, e pernas, e braços inteiros para transformá-los.

Vale a pena uma visita. Eu já me cadastrei. Vamos ver o que rola...

Abraços Criminais,

terça-feira, novembro 07, 2006

No rastro de Chet Baker



Bill Moody é um escritor nada convencional. Sua verdadeira profissão é músico. Então, nada mais natural que seu detetive, Evan Horne, também o seja. Mas as semelhanças parecem terminar por aí: Moody é baterista e Horne, pianista. Um pianista-detetive. Conhece muito de música (acho que as semelhanças ainda não terminaram), particularmente de Jazz, e utiliza seu conhecimento para desvendar crimes seguindo as pistas jazzísticas deixadas pelos meliantes.

Os livros de Moody são recheados de referências às obras e aos artistas do Jazz. Uma verdadeira aula - para entendidos e iniciantes. Impossível terminar de ler e não ir atrás das dicas dos personagens. No final dos livros há inclusive uma discografia selecionada pelo autor (ou será pelo detetive?)

"No rastro de Chet Baker" é o segundo livro com o detetive editado no Brasil. Evan Horne acaba de desvendar um caso de um serial-killer (estória contada no primeiro livro da série, "Viva Bird!") e está atrás de um pouco de sossego.

Até seu amigo Ace Buffington lhe propor uma "parceria" para descobrir as verdadeiras circunstâncias da morte do trompetista Chet Baker: acidente, suicídio ou assassinato? Horne não aceita o convite, mas depois que o amigo some, acaba obrigado a seguir o rastro de Chet Baker. O cenário da investigação é Amsterdã, em meio a uma disputada turnê de shows e os becos da Cidade Velha. As armas do detetive são suas amizades no mundo da música, o grande carisma e inteligência acima da média.

Boa pedida!

Notas do livreiro:

1. Fletcher Paige, grande saxofonista, amigo e parceiro na turnê musical de Evan é um grande colecionador de livros de mistério. Seus autores preferidos são: Raymond Chandler, Ross MacDonald, Walter Mosley, Elmore Leonard e um carinha novo, Gary Philips (ainda não editado no Brasil)

2. Evan, em uma de suas manhãs em Amsterdã, visita a Livraria do Crime de lá, a livraria "Alibi" e compra de presente para o amigo Fletcher um livro de Charles Willeford e seu detetive Hoke Moseley (estes também ainda não desembarcaram por aqui).

3. Em uma passagem do livro, seu amigo Coop, investigador do FBI, é interrompido com um telefonema enquanto está assistindo ao filme "Operação França", grande produção inspirada no título homônimo de Robin Moore.


Abraços Criminais,

sexta-feira, novembro 03, 2006

A Promessa do Livreiro



"Um sábio uma vez me disse que alguns de nós não foram feitos para serem escritores"
"Mesmo um sábio não pode saber de tudo"
(da pág. 432, do livro aí de cima)

Frases instigantes que refletem bem os espíritos do detetive Cliff Janeway e de seu criador, o autor-livreiro, John Dunning.

O primeiro porque sempre tem uma resposta para tudo.
O segundo porque leva sua vida sem parecer se importar com os aparentes obstáculos que ela lhe impõe. Simplesmente os ignora e segue adiante.

A promessa do livreiro - terceiro livro com a presença de Janeway - tem um pouco disso. Livro excepcional, daqueles que você não quer terminar de ler. E quando termina, ele continua presente.

Cliff Janeway decide largar sua vida de detetive e monta uma livraria, com especialização em livros raros (John Dunning, o autor, tem uma livraria nos mesmos moldes, a Old Algonquin Books).

A paixão pelos livros leva Janeway até Richard Burton, lendária figura, considerado um dos maiores aventureiros de todos os tempos. Dominava 29 línguas, conhecia dialetos, era um grande explorador, estudioso de antropologia, botânico, autor de 30 livros, espadachim, homem de grande força física e mental e, em seus últimos anos, tradutor dos 16 volumes das Mil e Uma noites, do Kama Sutra e de outros clássicos orientais proibidos. E tudo isso no final do século XIX.

A coisa começa a se complicar quando uma senhora chega em sua livraria com um exemplar autografado por Burton e com uma dedicatória no mínimo curiosa. E toma dimensões desproporcionais quando o livreiro promete recuperar os demais livros da coleção. Está montada a trama.

No centro dela, os livros. Estes objetos malucos que têm o poder de mudar um homem, uma vida, a história. Janeway começa a recuperar os acontecimentos de um século, meio século e alguns dias atrás para cumprir sua promessa.

Promessa é Dívida. E esta, às vezes, leva um bom tempo pra ser definitivamente liquidada.

Abraços criminais,