quarta-feira, maio 30, 2007

Lançamento livro + filme: Zodíaco



A história real da caçada ao serial killer mais misterioso dos Estados Unidos.
Aterrorizando a cidade de San Francisco desde 1968, o serial killer Zodíaco, em cartas cheias de escárnio enviadas aos jornais, escondia pistas sobre sua identidade e usava astuciosas mensagens criptografadas que desafiavam as maiores mentes decifradoras de código da CIA, do FBI e da NSA. Nessa época, o autor, Robert Graysmith, era o cartunista de política do maior jornal do norte da Califórnia, o San Francisco Chronicle, de forma que estava lá quando cada uma das cartas criptografadas, cada mensagem codificada, cada farrapo de roupa ensangüentada das vítimas chegou à redação. Esta é a história real de uma caçada que se estende por mais de duas décadas e que ainda persiste. Ao longo dos anos, apenas fragmentos das cartas do Zodíaco foram revelados pela polícia ou reproduzidos e reimpressos pelos jornais. Neste livro, pela primeira vez, está cada palavra que o Zodíaco escreveu à polícia. Magia, ameaças de morte, criptogramas, um assassino encapuzado e ainda procurado, investigadores dedicados e um misterioso homem que é visto por todos e é desconhecido de todos são partes do mistério do Zodíaco, uma história horripilante baseada nos arquivos policiais de um dos mais intrigantes crimes sem solução na história dos Estados Unidos.

O filme, do mesmo diretor de "Se7en" e "Clube da Luta", estréia em circuito nacional 1º de junho de 2007: http://wwws.br.warnerbros.com/zodiac/

Veja o trailer:

segunda-feira, maio 28, 2007

Crime da Semana / 22maio2007



Em terra sem crime, escritor de policiais é rei
A ficção policial encontra sempre um lugar de destaque nas livrarias de Estocolmo, na Suécia. Em algumas delas, existem basicamente três seções: ficção, não-ficção e "deckare", como a ficção policial é chamada por aqui. E não são apenas escritores estrangeiros. Autores suecos de literatura policial proliferam pelas estantes nórdicas, alguns com grande sucesso no exterior ou nas telas de cinema. É o caso, por exemplo, de Henning Mankell, que o público brasileiro pode conferir em A Leoa Branca, Assassinos Sem Rosto, Os Cães de Riga e O Homem que sorria, todos publicados pela Cia. das Letras. Outro autor importante é Håkan Nesser ("å" pronuncia-se como "ó" em português), cuja obra A Rede, a editora Objetiva lançou no ano passado no Brasil. Não deixa de ser interessante que um país que apresenta uma das menores taxas de criminalidade do mundo valorize tanto literatura policial. Enquanto os jornais locais são obrigados a dar destaque a crimes como o roubo de carrinhos de bebês (sem os bebês, claro!), a literatura policial sueca pode viajar em crimes mais "hediondos". Segundo o editor de uma importante casa editorial sueca, "é melhor escrever sobre o crime do que praticá-lo". Difícil discordar. (Fonte: PublishNews - por Carlo Carrenho, de Estocolmo)

terça-feira, maio 15, 2007

O Relógio - Quentin Tarantino
Tradução de Alves Calado

Oi, rapazinho. Garoto, ouvi falar um bocado de você.
Veja só, fui muito amigo do seu pai. Ficamos mais de cinco anos juntos naquele buraco do inferno em Hanói.
Espero que você nunca tenha uma experiência assim. Mas quando dois sujeitos estão numa situação igual à que seu pai e eu vivemos, durante o tempo em que vivemos, a gente assume algumas responsabilidades pelo outro.
Se fosse eu que não tivesse sobrevivido, seu pai estaria falando agora com meu filho, Jim. Mas do jeito que a coisa aconteceu, sou eu que estou falando com você, Butch.
Tenho uma coisa para você.
Esse relógio aqui foi comprado pelo seu bisavô. Foi comprado durante a Primeira Guerra Mundial, numa lojinha de Knoxville, Tennessee.
Foi comprado pelo soldado de infantaria Ernie Coolidge no dia em que ele foi para Paris. Era o relógio de guerra do seu bisavô, feito pela primeira empresa que fabricou relógios de pulso. Veja só, até então as pessoas só usavam relógios de bolso.
Seu bisavô usou o relógio durante todos os dias em que esteve na guerra. Depois, quando terminou o tempo de serviço, ele foi para casa, para a sua bisavó, tirou o relógio do pulso e colocou numa velha lata de café.
E o relógio ficou naquela lata até que seu avô Dane Coolidge foi convocado pelo país para atravessar o oceano e lutar mais uma vez contra os alemães. Dessa vez, deram o nome de Segunda Guerra Mundial. Seu bisavô presenteou o relógio ao seu avô, para dar boa sorte.
Infelizmente a sorte de Dane não foi tão boa quanto a do pai. Seu avô era fuzileiro e foi morto com todos os outros fuzileiros na Batalha de Wake Island.
Seu avô estava diante da morte e sabia disso. Nenhum dos rapazes tinha qualquer ilusão de que deixaria vivo aquela ilha.
Por isso, três dias antes de os japoneses ocuparem a ilha, seu avô, que estava com vinte e dois anos, pediu que um artilheiro chamado Winocki, que trabalhava num avião de transporte da Força Aérea e que ele nunca encontrara antes na vida, entregasse o relógio de ouro ao filho bebê, que ele nunca vira em carne e osso.
Três dias depois seu avô foi morto.
Mas Winocki manteve a palavra. Quando a guerra terminou, ele fez uma visita à sua avó e entregou o relógio de ouro ao seu pai, que era um bebê. Este relógio.
Este relógio estava no pulso do seu pai quando ele recebeu um tiro em Hanói. Ele foi capturado e posto num campo de prisioneiros no Vietnã.
Bom, seu pai sabia que se os vietcongues vissem o relógio ele seria confiscado. Seu pai achava que o relógio era seu, por direito de nascença. E ele não admitiria que nenhum cabeça-de-bagre pusesse as mãos amarelas e sujas no que era de seu menino por direito de nascença.
Por isso escondeu-o no único lugar onde poderia esconder alguma coisa. No cu.
Durante cinco longos anos ele usou este relógio no cu. E quando morreu de disenteria, me deu o relógio. Eu escondi esse pedaço de metal desconfortável no meu cu durante dois anos. E então, depois de sete anos como prisioneiro, fui mandado para casa e para minha família.
E agora, rapazinho, eu lhe entrego o relógio.




Esse conto faz parte de uma antologia editada por Peter Haining: Noir Americano. Além de Quentin Tarantino, o livro traz contos de James Ellroy, Mickey Spillane, Samuel Fuller, Stephen King e muitos outros mestres da literatura policial divididos em 3 partes:




1. Detetives durões: Casos de Detetives Particulares
Canção tórrida de James Ellroy
O Feitiço do Egito de Carroll John Daly
Incêndio criminoso e mais alguma coisa... de Dashiell Hammett
O homem que gostava de cães de Raymond Chandler
A cabeça do morto de Robert Leslie Bellem
A andorinha cantora de Ross Macdonald
2. Tiras e Agentes: Histórias de Homens da Lei
A caçada a Hemingway de MacKinlay Kantor
Morta de pé de Cornell Woolrich
Bom trabalho de Peter Cheyney
A dama diz morra! de Mickey Spillane
Registro de acidente de Ed McBain
Saideira de Elmore Leonard
3. Gângsteres: Contos da Fraternidade Criminal
A carona de W. R. Burnett
Pastoral de James M. Cain
O círculo mortal de Samuel Fuller
Pense nisso de James Hadley Chase
Um cadáver metido a esperto de David Goodis
Dinheiro Fácil de Jim Thompson
O quinto pedaço de Stephen King
O relógio de Quentin Tarantino

sexta-feira, maio 11, 2007

Crime da Semana / 10maio2007



Mortalha não tem bolso, de Horace McCoy: sexo, humor e antifacismo
Idealismo não enche bucho de repórter — a não ser de balas. É o que parece afirmar Horace McCoy, autor do amargo A Noite dos Desesperados. Em Mortalha Não Tem Bolso, McCoy reporta a saga do donjuán Mike Dolan, jornalista que, entre socos, garotas e credores, pretende, com sua revista, derrubar a corrupção de uma cidade dos EUA. É a clássica história do herói americano lutando só contra todos, aqui em ritmo de filme noir, embebida por generosas doses de sexo e humor e temperada por um forte antifascismo (McCoy foi um dos primeiros jornalistas a alertar contra Hitler). Pela primeira frase você saca o estilo: “Quando Dolan recebeu a chamada para se apresentar na sala do editor-chefe, sabia que isso significava o fim, e, durante todo o tempo em que subiu as escadas, só ruminava uma idéia: já não havia mais colhões no jornalismo atual”. Atual? Mas ele escreveu isso em 1937... (Fonte: Revista Trip - por Ronaldo Bressane)