terça-feira, abril 29, 2008

Lançamentos Companhia das Letras

E no mês de abril a Companhia das Letras traz duas novidades interessantes.

A primeira é Jonas, o Copromanta, de Patricia Melo. A autora de Mundo Perdido e Elogio da Mentira lança uma história algo metaliterário, já que o personagem principal trabalha na Biblioteca Nacional e é fa de Rubem Fonseca.

Ainda não li, mas não estou muito animada. Lerei e prometo comentar aqui. Devo dizer que desde Valsa Negra não ando muito empolgada com a escrita da autora.

Lembro-me de que quando li O Matador eu passei dias impressionada com a força da história e avassalada pela crueza dos personagens. Eu adorei. Por isso, e só por isso, continuo a ler Patricia Melo. Na esperança de reencontrar gente como Máiquel em suas páginas.

E.T. Não sei o que é copromanta, mas se você quiser saber mais sobre o livro, pode ler esse textículo do Estadão.


A outra novidade é garantia de boa leitura. Assinaturas e Assassinatos é o quarto livro de John Dunning protagonizado por Cliff Janeway, o livreiro de Denver.

Quem já leu Edições Perigosas, Impressões e Provas ou A Promessa do Livreiro, sabe do que estou falando. Quem ainda não leu está esperando o quê?

domingo, abril 27, 2008

Vencedores do Agatha 2007

Foram anunciados ontem os vencedores do Agatha Awards, criado pelo Malice Domestic, uma convenção de fãs de Agatha Christie, como homenagem ao gênero e às características criadas pela escritora inglesa.

O prêmio celebra a literatura policial tradicional, ou seja, que não contém violência explícita e gratuita ou cenas de sexo, que apresenta um detetive amador para desvendar os chamados "crimes de quarto fechado" e cujos personagens já são conhecidos entre si. Os concorrentes são sempre livros publicados no ano-calendário anterior.

Confirma abaixo os ganhadores e os indicados de 2007:

Melhor Romance

A Fatal Grace, de Louise Penny [Armand Gamache #2]
The Penguin Who Knew Too Much, de Donna Andrews [Meg Langslow #8]
Her Royal Spyness, de Rhys Bowen [Lady Georgiana #1]
Hard Row, de Margaret Maron [Deborah Knott #14]
Murder with Reservations, de Elaine Viets [Dead End Job #6]

Melhor Romance de Estréia

Prime Time, de Hank Phillipi Ryan
A Beautiful Blue Death, de Charles Finch
A Real Basket Case, de Beth Groundwater
Silent In The Grave, de Deanna Raybourn

Clique aqui para saber mais sobre o Agatha Awards.

sexta-feira, abril 25, 2008

Resultado da Promoção O Mistério da 13ª Letra

E já saiu o resultado da promoção!
O autor do livro, Andre Esteves, postou ontem no Beco do Crime o nome dos ganhadores.
Confira:

***

Pessoal, era para sair ontem, mas devido a problemas técnicos (leia-se meu filho que chutou a tomada e queimou minha placa de vídeo), somente hoje pude postar o resultado. Serão dados dois livros, um sorteado entre todos que participaram e um para a resposta mais criativa à pergunta: "Para você, qual é o mistério da 13ª Letra?". As respostas foram ótimas, e eu e a Bia, do blog da Criminália, tivemos muito trabalho para escolher a melhor. Mas, no fim, concordamos em premiar Marcelo Batalha da Silva, com a resposta:

"Considerando que as alterações na Língua Portuguesa ainda não foram concretizadas, não se sabe se a 13ª é M ou N... Sendo assim, o Mistério da 13ª Letra referencia (e reverencia) um dos melhores livros da grande Dama do Crime, Agatha Christie: M ou N? "

Já no sorteio, o agraciado foi Lucas Wanderley Rigamont Bragança. Em no máximo dez dias serão postados os exemplares, e pedimos aos ganhadores que enviem uma foto com o livro, para ser colocada no Beco.

Para quem não ganhou, não há motivos para ficar triste. "O Mistério da 13ª Letra" pode ser adquirido em promoção em diversas livrarias, estando na faixa de 25,00 reais na FNAC. Não deixe de tentar decifrar esse enigma!

terça-feira, abril 15, 2008

Literatura: O Executante, de Rubem Mauro Machado

Noir à brasileira

Sinopse: Pela primeira vez em livro, a reunião de três histórias de suspense escritas por Rubem Mauro Machado, vencedor do prêmio Jabuti de melhor romance em 1986, com A Idade da Paixão.

Antes de iniciar o livro, uma nota do autor alerta que as três histórias foram escritas em épocas diferentes e compiladas no volume que o leitor tem em mãos. Em comum, além do fato de o cenário ser o Rio de Janeiro, a violência que “[...] deve ser antes de mais nada imputada ao tipo de sociedade em que vivemos.” O leitor já sabe, então, que não encontrará nada que se pareça com os insípidos crimes ingleses tradicionais.

As duas primeiras histórias, apesar de independentes, possuem personagens em comum: o repórter policial Hipólito Moura e o detetive Rodolfo da 13ª DP, amigos e colegas que se encontram uma vez por semana para trocar detalhes sobre as investigações mais importantes da cidade. Se Sam Spade (O Falcão Maltês, de Dashiell Hammett) ou Philip Marlowe (O Longo Adeus, de Raymond Chandler) tivessem algum senso de humor ou de sarcasmo brasileiro, estariam lado a lado com o jornalista e o policial.

“A carícia da serpente” descreve a investigação, feita pelo jornalista, da tentativa de assassinato de um figurão. Hipólito é hilário, se me permitem o trocadilho ruim. Não no sentido escancarado e pastelão, mas na forma como derruba suas palavras e opiniões no papel, sem pudores. Na minha cabeça, a figura dele se assemelha ao Ed Mort, de Luiz Fernando Veríssimo, mas bem mais esperto.

“Assassinato em Copacabana” é uma história de amor e morte na noite carioca, protagonizada por Rodolfo. Ao contrário do amigo-quase-irmão Hipólito, Rodolfo é mais sério, já foi casado, tem uma filha. Nele, os desejos estão mais latentes e o clima de sexo é presente em toda a narrativa.

A terceira história, que dá nome ao livro, narra a chegada de um pistoleiro de aluguel americano, que vem ao Brasil para uma missão misteriosa. A descrição do pistoleiro nos é dada pela opinião dos que entram em contato com ele e é muito interessante observar como Felipe, o brasileiro encarregado de guiar o americano, ora se comporta como dono e senhor da situação, ora é subjugado pelo matador.

As três histórias são excelente exemplos da aclimatização do policial noir francês e do hard-boiled americano à realidade brasileira.

Resenha publicada originalmente no site Homem Nerd.

quinta-feira, abril 10, 2008

Entrevista com Luis Eduardo Matta

Luís Eduardo Matta é o autor de 120 horas, thriller bem bacana que se passa na Europa e no Oriente Médio. Defensor da literatura de entretenimento brasileira, é colunista do Digestivo Cultural.

Aqui você lê uma entrevista feita recentemente com o escritor.

quarta-feira, abril 09, 2008

Literatura: O Enigma de Paris, de Pablo de Santis

Homenagem à literatura policial

Sinopse: “Paris, 1889. Os investigadores mais famosos do mundo, conhecidos como Doze Detetives, reúnem-se para participar da Exposição Universal. Pela primeira vez, a seleta sociedade vai revelar ao mundo seus casos mais célebres, a filosofia da investigação, sua concepção do crime e seus métodos. Mas a estranha morte de um de seus integrantes, que teria despencado da torre Eiffel em construção, provocará uma reviravolta nos planos. Os detetives serão obrigados a afinar suas habilidades para resolver o que parece, a princípio, obra de um assassino em série. A realidade nunca é o que parece.” (quarta capa)

Desde que Edgar Allan Poe definiu as características do romance policial de enigma, detetives inteligentíssimos – verdadeiras máquinas de raciocinar – se metem em aventuras sempre acompanhados de um amigo ou de um empregado; o personagem, por vezes, também atua como narrador da história que lemos. Foi assim com Auguste Dupin e o seu amigo inominado (E.A. Poe), Sherlock Holmes e Dr. Watson (A.C. Doyle), Hercule Poirot e Capitão Hastings (A. Christie), Nero Wolfe e Archie Goodwin (R. Stout).

Neste O Enigma de Paris, o escritor argentino Pablo De Santis faz merecida homenagem a essa que é uma das figuras essenciais da literatura policial clássica: o assistente.

Os argentinos dedicam-se, de fato, à literatura de gênero com freqüência maior que nós, brasileiros, e percebemos a influência de Borges e Bioy Casares em De Santis. A história trata, o tempo todo, das regras escritas e não-escritas que um romance policial deve seguir para ser enquadrado no gênero. Na verdade, as normas para a literatura se refletem, no livro de De Santis, na conduta dos personagens, em um exercício de metalinguagem bastante criativo.

O autor desafia todas as regras, como se zombasse da tradição, mas, ao mesmo tempo, desafia o leitor assíduo a percebê-las nas entrelinhas de seu texto. O livro traz um personagem principal que não é detetive, diversos mistérios que não se resolvem e um desfecho extremamente inortodoxo.

Para quem quer apenas ler um bom livro e divertir-se com uma história bem escrita e cheia de insights como “Detetives e sapateiros vêem o mundo de baixo, e uns e outros se ocupam dos passos humanos no momento em que estes se desviam do caminho”, encontrará em O Enigma de Paris um prato cheio.

Quem é apaixonado por literatura policial, como eu, encontrará muito mais. Na segunda parte do livro, em que os Doze Detetives e seus respectivos assistentes estão reunidos em Paris, há todo um capítulo dedicado à definição de cada detetive do que é um enigma. Cada um apresenta a que mais lhe parece adequada, em um elenco de imagens que passa pelo quebra-cabeça e pela folha de papel em branco. O que vemos, porém, é uma análise de metáforas repetidas em diversos romances policiais. De Santis transforma a escrita dos escritores clássicos na voz dos detetives de seu romance.

Uma coisa é certa: o livro é muito, muito bom. Desde que li A Sombra do Vento, do espanhol Carlos Ruiz Zafón, não me surpreendia tanto com um livro.

Resenha publicada originalmente no site Homem Nerd.