terça-feira, dezembro 04, 2007

Lançamento


(fonte: PublishNews - 04/12/2007)

Com ares de romance policial e um repórter como protagonista, O código dos justos, do jornalista inglês Jonathan Freedland (nome verdadeiro de Sam Bourne), mostra que nem toda trama conspiratória com fundo religioso precisa ser sem imaginação. O livro conta a história de dois assassinatos em extremos opostos dos Estados Unidos: um nas ruas do submundo de Nova York, o outro nas matas de Montana. Uma série de assassinatos em cada canto do globo, das superpovoadas favelas da Índia às prístinas praias da Cidade do Cabo. Não pode haver uma ligação entre eles. Pelo menos é o que acredita Will Monroe, um jovem repórter do New York Times, até a manhã em que sua mulher é seqüestrada. Os que a mantêm em cativeiro parecem dispostos a matá-la sem hesitação.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Entrevista com Tony Bellotto

Em entrevista realizada em Curitiba, Tony Bellotto fala sobre violência e seu último livro Os insones, e também sobre as diferenças entre fazer música e fazer literatura.





segunda-feira, novembro 26, 2007

Lançamento

Sujeitos, elementos e magarefes, leitores de plantão:

Em breve estará disponível Lemniscata, livro de estréia de Pedro Drummond, a ser lançado pela editora Objetiva em dezembro.

O enredo bem humorado e com final surpreendente trata de Daniel Dorff, um pesquisador canadense que se torna o pivô de um grande mistério envolvendo sua família. Christian, seu irmão mais velho, professor da Universidade de Toronto, é preso sob a identidade de outro homem e recebe uma séria ameaça. A preocupação maior de Christian agora é proteger sua sobrinha Lorena, que está correndo perigo.

O livro é um autêntico thriller. O gênero ainda engatinha no Brasil, apesar de os leitores brasileiros serem grandes admiradores das aventuras norte-americanas. É de gente como Pedro Drummond e A.J. Barros (autor de Conceito Zero) que precisamos para criar raízes para o thriller tupiniquim.

sexta-feira, novembro 16, 2007

Tiago Novaes na Mostra Sesc de Artes

Convite feito à LivrariadoCrime pelo amigo e autor Tiago Novaes, que estendo a vocês:

"Amigos,

Gostaria de convidá-los a participar de La culpa la tiene Niemeyer: a última trilha de J. F., um projeto que realizei em parceria com os grupos Bineural Monokultur e Difusa Fronteira, e que faz parte da Mostra SESC de Artes: Circulações.

Trata-se de um audiotour ficcional - uma narrativa policial onde os ouvintes/participantes circulam por espaços no centro da cidade - que sairá do SESC Consolação por duas semanas, todos os dias, a partir da 2a. feira (dia 19).

Para ouvir o poema-trailer que escrevi para o audiotour, em leitura de Vanessa Bruno do CPT, clique aqui.

Mais informações: site do SESC ou o meu blog.

SESC Consolação
R$ 10,00; R$ 5,00 (usuário matriculado); R$ 3,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes).
De 19/11 a 01/12. Segunda a sexta, 11h às 17h; Sábado, 9h às 12h (exceto feriados).
Saídas individuais a cada 10min. (o roteiro completo tem cerca de 60min.)"

Tiago Novaes é o autor do excelente Estado vegetativo, publicado pela Callis. Quem não leu, leia. Quem já leu, vá à Mostra. Compareçam, prestigiem!!

quinta-feira, novembro 08, 2007

Espinosa na Bravo!

Saiu na revista Bravo! do mês de novembro um artigo sobre o lançamento do novo livro de Luiz Alfredo Garcia-Roza, "Na multidão". É curto, mas vale a pena conferir.

Na esteira dessa matéria, a revista organizará um debate sobre literatura policial entre Garcia-Roza e Tony Bellotto, mediado pelo jornalista Paulo Moreira Leite. Será amanhã, às 19h, na Fnac Pinheiros.

terça-feira, outubro 30, 2007

De Niro e Pacino, de novo

Robert De Niro e Al Pacino estão em Nova York para filmar o longa Righteous Kill, dirigido por Jon Avnet. O filme traz dois investigadores de polícia veteranos às voltas com um serial killer que escreve poemas sobre os assassinatos que comete, deixando-os na cena do crime.

Para quem não se lembra, os megastars têm dois filmes em comum no currículo.

O primeiro é O poderoso chefão 2 (The Godfather: part II), de 1974. Embora não tenham contracenado juntos, a saga dos Corleone não seria a mesma sem a magistral interpretação de De Niro, como o jovem Vito, e Al Pacino, retratado como seu filho Michael anos depois.

O outro é Fogo contra fogo (Heat), de 1995. Na época do lançamento desse filme, muito se falou sobre aquele que seria o primeiro em que De Niro e Pacino dividiriam a mesma cena, mas o resultado foi um pouco decepcionante para os fãs. Se eu bem me lembro, há apenas uma seqüência ou duas em que os dois atores realmente contracenam juntos.

Anyway, Righteous Kill trará Robert De Niro e Al Pacino já sessentões e, talvez por isso mesmo, mais dispostos a finalmente presentearem os cinéfilos com uma bela parceria.

E.T.: Jon Avnet é produtor de mais de 50 filmes, mas dirigiu apenas pouco mais de 10. Entre eles, o sensível Tomates verdes fritos (Fried Green Tomatoes), de 1991, e o bonitinho Íntimo e pessoal (Up Close & Personal), de 1996. Resta saber se ele conseguirá cumprir a difícil missão de contemporizar os nada humildes egos de seus protagonistas.

Rubem Fonseca na Época

A revista Época destaca o livro O romance morreu, de Rubem Fonseca, como o livro da semana. Vale a pena conferir a resenha nas bancas, ou aqui (se você for assinante do Globo.com), nem que seja para ver as fotos do recluso escritor, em uma recente viagem que fez por Israel.

Para saber mais, visite o blog do mestre no Portal Literal.

terça-feira, outubro 23, 2007

Lehane na Mostra

Começou a 31a. Mostra Internacional de Cinema. Para os fãs de Dennis Lehane, é a oportunidade de ver o filme Medo da verdade, dirigido por Ben Affleck e inspirado no livro Gone Baby Gone, de 1998.

Fique de olho nas sessões programadas;

Dia 25/10 - 18h40 - Espaço Unibanco 3
Dia 30/10 - 21h10 - Cinemark Shopping Eldorado
Dia 31/10 - 22h40 - Unibanco Arteplex 1

Bom filme!

quarta-feira, setembro 05, 2007

Charlie Chan DVD Collection




Os fãs de Charlie Chan agora têm motivos de sobra para matar saudades do excêntrico detetive criado por Earl Derr Biggers: suas histórias poderão ser vistas na coleção de DVDs lançados pela Continental e disponíveis na LivrariadoCrime.

Para quem ainda não teve oportunidade de conhecê-lo, não perca essa chance.

Charlie Chan é um chinês baixo, gorducho e de ombros largos, ex-sargento-detetive da polícia de Honolulu.
Charlie Chan se considera um estudioso da natureza humana. Acha que o importante é conhecer o comportamento humano, e que esse é o caminho para descobrir os criminosos, chegando mesmo a duvidar da ciência como auxiliar da investigação. Apesar disso, é um especialista em impressões digitais.
Tem uma família numerosa de 11 filhos, que freqüentemente o ajuda a desvendar os crimes.

Charlie Chan usa e abusa de metáforas e provérbios chineses. Na maior parte das vezes ele não informa se está citando um provérbio ou se a frase é de sua autoria.

Pequena lista de provérbios chineses proferidos por Charlie Chan:
- Aquele que cavalga o tigre não pode apear-se.
- Água lodosa remexida imprudentemente torna-se ainda mais turva. Deixada em repouso, clareia por si.
- Está sempre mais escuro debaixo da lâmpada.
- Um homem prudente, sabendo que está em perigo, não pára para amarrar os sapatos no meio do caminho.
- Tartaruga que entra em casa pela retaguarda acaba por se instalar à cabeceira da mesa.
- A morte é o camelo preto que se ajoelha à porta de qualquer um, sem ser chamado.

Seleção de ”pérolas” de Charle Chan:
- As futilidades, às vezes, desabrocham num grande ramo cheio de sentido.
- Esta visita imprimirá uma marca deslumbrante no rolo da minha memória.
- As nossas provas são tão turvas como flores na água estagnada de um vaso.
- Os olhos mais brilhantes são às vezes cegos.
- Quanto mais forte é o trovão, mais fraca é a chuva.
- Navio com muitos pilotos nunca chega ao porto.
- Uma boa palavra rude fere como seis meses de frio.
- O hóspede que demora demais deteriora-se como o peixe passado.
- Uma longa viagem de alguns milhares de milhas começa sempre por um simples passo.
- Quando uma árvore cai a sombra desaparece.
- Quem corre com a consciência leve, redobra a velocidade.
- O tambor que produz mais ruído está cheio de vento.
- Mesmo um pêssego que cresce na sombra acaba por amadurecer.
- Rosas do próprio jardim nunca cheiram como as do jardim alheio.
- Suspeitar é barato, mas ter suspeita errada sai caro.
- O ovos não devem dançar com as pedras.
- Príncipes têm censores, pais têm filhos.

Charlie Chan é um personagem que se pode, no mínimo, considerar exótico: pelo local onde vive, pela família, pela linguagem e pelas atitudes.

Vale a pena conhecer.

quarta-feira, julho 25, 2007

Rosario Tijeras



O 2º Festival de Cinema Latino-americano começou muito bem para aqueles que gostam de um bom policial. Na sempre agradável Cinemateca Brasileira, o público paulistano teve a oportunidade de rever (já havia sido exibido na penúltima mostra de cinema de São Paulo) um grande filme do mexicano Emillio Maillé, o longa Rosario Tijeras.
Baseado em título homônimo (vencedor do Prêmio Dashiell Hammett de melhor romance policial de 2000) do colombiano Jorge Franco, o filme conta a história da personagem que lhe dá o nome. Linda, prostituta, de forte personalidade, religiosa fervorosa e matadora de aluguel.



Tijeras (tesouras em português) foi uma "homenagem" à moça que, quando menina, se vingou com as tesouras de costura de sua mãe do cara que a estuprou. Cresceu e tornou-se uma das mais temidas e desejadas sicárias da Medellín da cocaína e de Pablo Escobar. Uma mulher de vida sofrida, de luta, que não se entrega e não se intimida. Rosario mata e ama com a mesma intensidade. A ponto de sempre beijar suas vítimas antes de matá-las à queima roupa.
Estamos em 1989, auge do poder dos cartéis, e a cocaína rola solta na cidade levando aos mesmos ambientes personagens das mais variadas classes sociais. Numa destas festas do tráfico, Rosário envolve-se com Emilio e Antonio, amigos de infância e de classe mais abastada. Os dois ficam fascinados por Rosário e - cada um a seu modo - vão tentando desvendar seus segredos, seus dramas e seus mistérios.
Pode parecer que a trama serviria a qualquer outra grande cidade latino-americana. Mas, como bem ressaltou o diretor do filme, talvez nenhuma delas se configurasse em cenário tão perfeito como a bela e caótica Medellín. Nenhuma outra seria a casa de Rosario Tijeras.
O filme provavelmente nem entre em circuito nacional, mas o livro já está aí. Grande pedida.

Abraços criminais,

sábado, julho 21, 2007

Boletim de ocorrências - especial FLIP/julho2007

Crime e castigo, realidade e violência na V FLIP
Bia Nunes de Sousa / julho 2007
Especial para LivrariadoCrime

Entre os dias 4 e 8 de julho realizou-se a V Festa Literária Internacional de Paraty, com a presença de mais de 70 escritores e 20 mil visitantes. Para a LivrariadoCrime, o ponto alto da festa foi o debate entre os escritores Dennis Lehane e Guillermo Arriaga. O americano Lehane é autor, entre outros, dos excelentes Um drink antes da guerra, Apelo às trevas e Paciente 67. Seus livros também já foram adaptados para o cinema por gente como Clint Eastwood, com Sobre meninos e lobos, e Ben Affleck, com Gone baby, gone. Já o mexicano Arriaga tem dois livros publicados no Brasil – Búfalo da noite e Um doce aroma de morte – e é autor dos roteiros para os filmes Amores brutos, 21 gramas e Babel. Este último rendeu-lhe uma indicação para o Oscar e marcou o fim da parceria com o diretor Alejandro González Iñarritu, fato que Arriaga preferiu não comentar.

Clique aqui e fique por dentro do bate-papo dos autores Dennis Lehane e Guillermo Arriaga presentes na V Flip. Aproveite e participe do sorteio de dois livros autografados por eles.

quarta-feira, julho 18, 2007

Crime da Semana - 17julho2007



Saga Imigrante
Do fim da era dos samurais à violência da São Paulo atual, da repulsa inicial ao estilo de vida do Ocidente aos casamentos miscigenados, Saga é um romance histórico sobre a imigração japonesa no Brasil. Por meio dos dramas e conflitos de quatro gerações de uma família, a trama mescla suspense com uma sensível reflexão sobre as diferenças étnicas e os limites entre tradição e preconceito, além de constituir uma bela introdução à admirável cultura do país do Sol Nascente. saiba mais...

“As histórias dos livros de Ryoki Inoue são de tirar o fôlego. Como os eventos ocorrem em minutos e dias, Ryoki faz os batimentos cardíacos dos leitores aumentarem. É difícil interromper a leitura por causa da narração que acontece como num filme, como no bom cinema americano com todos os ingredientes repletos de sexo, corrupção, violência, política, espionagem e um final surpreendente. Ryoki é o Pelé da literatura.” Alexandre Garcia, no prefácio do milésimo livro escrito por Ryoki Inoue

quinta-feira, julho 12, 2007

Crime da Semana - 11julho2007



O Último Homem em Berlim é uma história excitante sobre sexo, perversão e assassinatos em uma cidade tomada por medo e frenesi em pleno despertar do movimento nazista. Em um lugar onde cabarés lúgubres dominam a noite e maníacos circulam incólumes, somente um homem é capaz de capturar um assassino pervertido. E mesmo ele fica chocado ao descobrir até onde pode chegar a influência da maldade e da política naquela obscura Berlim.Em O Último Homem em Berlim, Gaylord Dold evoca o espetáculo macabro que foi a Berlim de Hitler, Goebbels e Goering. Por meio da riqueza de detalhes meticulosos e de uma habilidosa narrativa, Gaylord criou uma obra que é, ao mesmo tempo, eloqüente e arrepiante até a última página. saiba mais...

"A prosa lírica e estilizada de Dold é de uma qualidade raramente encontrada em qualquer gênero." Publishers Weekly

"Gaylord Dold é um daqueles escritores incansáveis que ajudam a impedir que o gênero se desgaste." New York Times Book Review

quarta-feira, junho 27, 2007

Crime da Semana - 27junho2007



Para ver e para ler Guillermo Arriaga é muito mais conhecido no Brasil como roteirista que como escritor. Afinal, ele criou as histórias de filmes como Babel, 21 gramas, Três enterros e Amores brutos. Tem um porém, entretanto: ele faz questão de se chamar de escritor, pura e simplesmente. O trabalho com roteiros o torna, segundo suas palavras, um "escritor de cinema", pois considera o trabalho criativo para um roteiro ou para um romance, uma tarefa equivalente de produção artística. Arriaga já tem dois romances traduzidos no Brasil, O búfalo da noite, lançado aqui em 2002 pela Gryphus e Um doce aroma de morte, recém-publicado pela mesma editora. Escreveu ainda o romance Esquadrão Guilhotina e a coletânea de contos Retorno 201. Aos 49 anos, é um dos autores mais consagrados da moderna literatura mexicana. Mas, antes, tentou ser pugilista e jogador de futebol. Formou-se pela Universidad Iberoamericana e lecionou ali história da comunicação. saiba mais...
Fonte: Revista Cult (junho/2007)



Guillermo Arriaga e o triunfo da mentiraNa manhã de um domingo muito abafado, Ramón ouve um grito desesperado: garotos descobriram o cadáver da jovem Adela em um campo de cereais. Ao chegar lá, a vida de Ramón toma um novo curso no instante em que ele cobre com sua camisa o corpo nu da morta - o gesto alimenta um boato de que Adela era sua namorada. A partir desse momento, os fatos se desencadeiam irremediavelmente e Ramón, viúvo forçado, se vê obrigado a vingar a morte da jovem. "Mesmo sabendo que se trata de uma mentira, ele passa a conduzir sua existência por meio de um amor inexistente", comenta o mexicano Guillermo Arriaga, autor de Um doce aroma de morte (Gryphus, 172 pp.), que narra o trágico destino de Ramón e Adela. Arriaga é um dos destaques da Festa Literária Internacional de Paraty, a já tradicional Flip, que ocorre entre 4 e 8 de julho/2007. saiba mais...
Fonte: O Estado de S. Paulo - por Ubiratan Brasil

quinta-feira, junho 14, 2007

Enquete: qual autor você gostaria de ver reeditado no Brasil?

Ellery Queen?

Edgar Wallace?

Dorothy L. Sayers?

Erle Stanley Gardner?

Leslie Charteris?

J. J. Marric (John Creasey)?

Mickey Spillane?

Earl Derr Biggers?

S. S. Van Dine?

Sax Rohmer?

Clique aqui e responda.

terça-feira, junho 12, 2007

Crime da Semana / 12junho2007



"O estilo Chandler é uma carregada mistura de espiritualidade lacônica e poética que reinventa os ritmos narrativos existentes... Uma prosa que é um dos mais eficientes instrumentos da nossa história literária." (Ross MacDonald)

"Inteligente, cortês, aventureiro, sentimental, cínico e rebelde: assim Chandler criou o derradeiro herói americano." (Robert B. Parker, The New York Times Book Review)

"A prosa de Chandler ergue-se até as alturas de uma involuntária eloqüência, e, em estado de choque, nos damos conta de estar na presença não apenas de um mero contador de histórias, mas de um verdadeiro estilista, um escritor dotado de uma visão." (Joyce Carol Oates)

quinta-feira, junho 07, 2007

Promoção livro + cinema



Lembram do post da semana passada falando do filme Zodíaco que havia sido inspirado no livro de mesmo nome, recém editado pela Editora Novo Conceito? Pois é. A LivrariadoCrime em parceria com a Warner Bros. lançou a promoção: compre o livro Zodíaco e ganhe 2 ingressos para assistir ao filme nos cinemas* (vejam as letras pequenininhas lá embaixo). Mas aproveite e compre logo, pois a promoção é válida até os convites se esgotarem.
O livro está com 10% de desconto (de R$39,90 por 35,91). Sai o mesmo preço que comprar 2 ingressos em muitas salas de cinemas por aí!
Você não vai perder essa, vai?
Aguardamos vocês!

*Convites válidos enquanto o filme estiver em cartaz e apenas de 2ª a 5ª feira, exceto feriados, em qualquer cinema em que o filme estiver sendo exibido exceto o Cinemark do Shopping Iguatemi São Paulo/SP

quarta-feira, maio 30, 2007

Lançamento livro + filme: Zodíaco



A história real da caçada ao serial killer mais misterioso dos Estados Unidos.
Aterrorizando a cidade de San Francisco desde 1968, o serial killer Zodíaco, em cartas cheias de escárnio enviadas aos jornais, escondia pistas sobre sua identidade e usava astuciosas mensagens criptografadas que desafiavam as maiores mentes decifradoras de código da CIA, do FBI e da NSA. Nessa época, o autor, Robert Graysmith, era o cartunista de política do maior jornal do norte da Califórnia, o San Francisco Chronicle, de forma que estava lá quando cada uma das cartas criptografadas, cada mensagem codificada, cada farrapo de roupa ensangüentada das vítimas chegou à redação. Esta é a história real de uma caçada que se estende por mais de duas décadas e que ainda persiste. Ao longo dos anos, apenas fragmentos das cartas do Zodíaco foram revelados pela polícia ou reproduzidos e reimpressos pelos jornais. Neste livro, pela primeira vez, está cada palavra que o Zodíaco escreveu à polícia. Magia, ameaças de morte, criptogramas, um assassino encapuzado e ainda procurado, investigadores dedicados e um misterioso homem que é visto por todos e é desconhecido de todos são partes do mistério do Zodíaco, uma história horripilante baseada nos arquivos policiais de um dos mais intrigantes crimes sem solução na história dos Estados Unidos.

O filme, do mesmo diretor de "Se7en" e "Clube da Luta", estréia em circuito nacional 1º de junho de 2007: http://wwws.br.warnerbros.com/zodiac/

Veja o trailer:

segunda-feira, maio 28, 2007

Crime da Semana / 22maio2007



Em terra sem crime, escritor de policiais é rei
A ficção policial encontra sempre um lugar de destaque nas livrarias de Estocolmo, na Suécia. Em algumas delas, existem basicamente três seções: ficção, não-ficção e "deckare", como a ficção policial é chamada por aqui. E não são apenas escritores estrangeiros. Autores suecos de literatura policial proliferam pelas estantes nórdicas, alguns com grande sucesso no exterior ou nas telas de cinema. É o caso, por exemplo, de Henning Mankell, que o público brasileiro pode conferir em A Leoa Branca, Assassinos Sem Rosto, Os Cães de Riga e O Homem que sorria, todos publicados pela Cia. das Letras. Outro autor importante é Håkan Nesser ("å" pronuncia-se como "ó" em português), cuja obra A Rede, a editora Objetiva lançou no ano passado no Brasil. Não deixa de ser interessante que um país que apresenta uma das menores taxas de criminalidade do mundo valorize tanto literatura policial. Enquanto os jornais locais são obrigados a dar destaque a crimes como o roubo de carrinhos de bebês (sem os bebês, claro!), a literatura policial sueca pode viajar em crimes mais "hediondos". Segundo o editor de uma importante casa editorial sueca, "é melhor escrever sobre o crime do que praticá-lo". Difícil discordar. (Fonte: PublishNews - por Carlo Carrenho, de Estocolmo)

terça-feira, maio 15, 2007

O Relógio - Quentin Tarantino
Tradução de Alves Calado

Oi, rapazinho. Garoto, ouvi falar um bocado de você.
Veja só, fui muito amigo do seu pai. Ficamos mais de cinco anos juntos naquele buraco do inferno em Hanói.
Espero que você nunca tenha uma experiência assim. Mas quando dois sujeitos estão numa situação igual à que seu pai e eu vivemos, durante o tempo em que vivemos, a gente assume algumas responsabilidades pelo outro.
Se fosse eu que não tivesse sobrevivido, seu pai estaria falando agora com meu filho, Jim. Mas do jeito que a coisa aconteceu, sou eu que estou falando com você, Butch.
Tenho uma coisa para você.
Esse relógio aqui foi comprado pelo seu bisavô. Foi comprado durante a Primeira Guerra Mundial, numa lojinha de Knoxville, Tennessee.
Foi comprado pelo soldado de infantaria Ernie Coolidge no dia em que ele foi para Paris. Era o relógio de guerra do seu bisavô, feito pela primeira empresa que fabricou relógios de pulso. Veja só, até então as pessoas só usavam relógios de bolso.
Seu bisavô usou o relógio durante todos os dias em que esteve na guerra. Depois, quando terminou o tempo de serviço, ele foi para casa, para a sua bisavó, tirou o relógio do pulso e colocou numa velha lata de café.
E o relógio ficou naquela lata até que seu avô Dane Coolidge foi convocado pelo país para atravessar o oceano e lutar mais uma vez contra os alemães. Dessa vez, deram o nome de Segunda Guerra Mundial. Seu bisavô presenteou o relógio ao seu avô, para dar boa sorte.
Infelizmente a sorte de Dane não foi tão boa quanto a do pai. Seu avô era fuzileiro e foi morto com todos os outros fuzileiros na Batalha de Wake Island.
Seu avô estava diante da morte e sabia disso. Nenhum dos rapazes tinha qualquer ilusão de que deixaria vivo aquela ilha.
Por isso, três dias antes de os japoneses ocuparem a ilha, seu avô, que estava com vinte e dois anos, pediu que um artilheiro chamado Winocki, que trabalhava num avião de transporte da Força Aérea e que ele nunca encontrara antes na vida, entregasse o relógio de ouro ao filho bebê, que ele nunca vira em carne e osso.
Três dias depois seu avô foi morto.
Mas Winocki manteve a palavra. Quando a guerra terminou, ele fez uma visita à sua avó e entregou o relógio de ouro ao seu pai, que era um bebê. Este relógio.
Este relógio estava no pulso do seu pai quando ele recebeu um tiro em Hanói. Ele foi capturado e posto num campo de prisioneiros no Vietnã.
Bom, seu pai sabia que se os vietcongues vissem o relógio ele seria confiscado. Seu pai achava que o relógio era seu, por direito de nascença. E ele não admitiria que nenhum cabeça-de-bagre pusesse as mãos amarelas e sujas no que era de seu menino por direito de nascença.
Por isso escondeu-o no único lugar onde poderia esconder alguma coisa. No cu.
Durante cinco longos anos ele usou este relógio no cu. E quando morreu de disenteria, me deu o relógio. Eu escondi esse pedaço de metal desconfortável no meu cu durante dois anos. E então, depois de sete anos como prisioneiro, fui mandado para casa e para minha família.
E agora, rapazinho, eu lhe entrego o relógio.




Esse conto faz parte de uma antologia editada por Peter Haining: Noir Americano. Além de Quentin Tarantino, o livro traz contos de James Ellroy, Mickey Spillane, Samuel Fuller, Stephen King e muitos outros mestres da literatura policial divididos em 3 partes:




1. Detetives durões: Casos de Detetives Particulares
Canção tórrida de James Ellroy
O Feitiço do Egito de Carroll John Daly
Incêndio criminoso e mais alguma coisa... de Dashiell Hammett
O homem que gostava de cães de Raymond Chandler
A cabeça do morto de Robert Leslie Bellem
A andorinha cantora de Ross Macdonald
2. Tiras e Agentes: Histórias de Homens da Lei
A caçada a Hemingway de MacKinlay Kantor
Morta de pé de Cornell Woolrich
Bom trabalho de Peter Cheyney
A dama diz morra! de Mickey Spillane
Registro de acidente de Ed McBain
Saideira de Elmore Leonard
3. Gângsteres: Contos da Fraternidade Criminal
A carona de W. R. Burnett
Pastoral de James M. Cain
O círculo mortal de Samuel Fuller
Pense nisso de James Hadley Chase
Um cadáver metido a esperto de David Goodis
Dinheiro Fácil de Jim Thompson
O quinto pedaço de Stephen King
O relógio de Quentin Tarantino

sexta-feira, maio 11, 2007

Crime da Semana / 10maio2007



Mortalha não tem bolso, de Horace McCoy: sexo, humor e antifacismo
Idealismo não enche bucho de repórter — a não ser de balas. É o que parece afirmar Horace McCoy, autor do amargo A Noite dos Desesperados. Em Mortalha Não Tem Bolso, McCoy reporta a saga do donjuán Mike Dolan, jornalista que, entre socos, garotas e credores, pretende, com sua revista, derrubar a corrupção de uma cidade dos EUA. É a clássica história do herói americano lutando só contra todos, aqui em ritmo de filme noir, embebida por generosas doses de sexo e humor e temperada por um forte antifascismo (McCoy foi um dos primeiros jornalistas a alertar contra Hitler). Pela primeira frase você saca o estilo: “Quando Dolan recebeu a chamada para se apresentar na sala do editor-chefe, sabia que isso significava o fim, e, durante todo o tempo em que subiu as escadas, só ruminava uma idéia: já não havia mais colhões no jornalismo atual”. Atual? Mas ele escreveu isso em 1937... (Fonte: Revista Trip - por Ronaldo Bressane)

quinta-feira, abril 19, 2007

O livro dentro do livro/1
Uma Janela em Copacabana & A Dama-Fantasma


No livro de Luiz Alfredo Garcia-Roza, Uma janela em Copacabana, na página 23, Delegado Espinosa se interessa pelo livro de Cornell Woolrich:

“As duas horas seguintes foram dedicadas a examinar um livro que viera junto com algumas centenas de outros herdados da avó, e que na época lhe despertara especial atenção. De tempos em tempos a avó tinha necessidade de se livrar de parte dos milhares de livros que guardava empilhados em dois cômodos do seu apartamento, e o destino desse refugo era o apartamento do neto, que herdara dela o hábito de empilhar livros. O estilo de cada um era diferente: pilhas anárquicas, ela; pilhas ordenadas junto à parede, ele. Em comum, tinha o desprezo por estantes. Gostara do título Phantom Lady e da encadernação em perfeito estado, apesar da edição de 1942. Seu conhecimento de língua inglesa era sofrível, melhor para leitura do que para conversação. Não conhecia o autor, William Irish, até saber, pela orelha de outro livro, que William Irish era pseudônimo de Cornell Woolrich. Gostou do título do primeiro capítulo, 'O centésimo qüinquagésimo dia antes da execução'. Achou que um autor que começava um livro anunciando que alguém seria executado dentro de cento e cinqüenta dias, e cujos capítulos seguintes eram nomeados em ordem decrescente até 'Um dia, depois da execução', devia ser lido.”

Uma indicação do Delegado Espinosa não tem como não seguir!

terça-feira, abril 10, 2007

por dentro do crime?


quando, por casualidade ou indicação de amigos (ou inimigos), o livro "por dentro do crime" de márcio christino cair em suas calejadas mãos siga as seguintes instruções:
primeiro: esqueça a imagem da capa; segundo: ignore os textos de quarta capa e das orelhas e terceiro: apague o subtítulo.
pronto: você está preparado para ler.

traduzindo: o livro é bom demais. a capa não tem nada a ver. o subtítulo diminui e restrige o impacto e força do texto; os textos de orelha e quarta capa espantam o leitor.
se o livro tivesse a cara da companhia das letras seria outra coisa, enfim um livro brasileiro que merece e deve ser lido.

sexta-feira, abril 06, 2007

trilhasonora5/perversão na cidade do jazz/james lee burke



deixei batist no café e atravessei a praça, passando pela catedral de st. louis, onde, à sua sombra, alguns músicos de rua se preparavam para começar a tocar.

o bar em napoleon estava cheio, o barulho era ensurdecedor e não consegui ver clete em nenhuma das mesas. foi então que percebi que, no pequeno palco, algo de excepcional estava acontecendo. fat man, o músico de rhythm and blues mais famoso já produzido por nova orleans, tinha saltado de sua limusine cadillac rosa-choque bem em frente ao bar e, como um messias retornando aos seus seguidores, com a capa branca cheia de lantejoulas e a pele preta de carvão quase ofuscante em seu brilho púrpura elétrico, caminhou diretamente ao piano através da multidão em festa. entre sorrisos e acenos, a cara de morsa irradiando paz e uma auto-satisfação inocente, começou a dedilhar when the saints go marching on.
o local veio abaixo.

sim eu sei, respondeu ele. este é o da orquestra de benny goodman, em 1933. mas tem poeira nas bordas. está vendo? a abertura da capa deve ficar sempre virada para o lado de dentro da prateleira. enfiou sua mão enorme dentro de uma das capas de papel e puxou o disco para fora.

deus te abençoe! adoro dançar esse rock'n'roll antigo, quando os sherlocks da homicídios afiam suas garras.

a música rap que saía pelos alto-falantes de um estéreo era ensurdecedora, um ataque eletrônico às sensibilidades.

ele sabia algo sobre a história do jazz. sabia até como tratar discos raros de 78 rotações.

jazz tinha a conotação de fornicar. músicas como easy rider ou house of rising sun eram verdadeiros hinos ao vício em morfina e ao desespero suicida das prostitutas que viviam nos bordéis de perdido street.

falei com um velho clarinetista negro na preservation hall, com um saxofonista que costuma trabalhar para marcia ball no famous door, e com uma mulher branca de 150 quilos, cabelos flamejantes e vestido de lantejoulas que brilhava como cristais de gelo, que tocava piano blues num buraco em dumaine.

esse tipo de cara não gosta de música, gosta de ouvir alguém gritando.

jogou uma moeda na vitrola e arrancou big boss man lá de dentro. a seguir, ficou estalando os dedos e batendo palmas enquanto procurava outras músicas.

da frente da casa vinham acordes fracos e abafados de uma orquestra de jazz de 1929. e então, o inequívoco som de trompete de buck johnson, semelhante a um sino, crescendo acima da confusão melódica dos saxofones.

meu pai, aldous, que tinha acabado de receber o salário, pagava rodadas no bar e dançava com minha mãe, enquanto a vitrola tocava:
jolie blonde, garde donc c'est t'as fait.
ta m'as quit- pour t'en aller,
pour t'en aller avec un que moi.

foi o verão em que just a dream, de jimmy clanton, tocava em todas as vitrolas espalhadas pelo sul da louisiana.

a música é um clube. é como pertencer à igreja. não importa em que sala você está, desde que esteja no mesmo prédio. está me acompanhando?

numa daquelas noites primaveris, fomos ao new orleans jazz and heritage festival, em fairgrounds, o fat man estava no palco com a banda, o paletó de lantejoulas revestido de um brilho cor de lavanda, o suor marcando seu rosto de leão-marinho como fios de plástico transparente, as mãos rechonchudas e os dedos, cheios de anéis, grossos como salsichas martelando as teclas do piano, as pessoas começaram a dançar no pátio, rebolando como adolescentes dos anos 40, fazendo o bop, o dirty boogie, o twist, o shag, braços e pernas em ângulos extravagantes, cheios de uma inocência erótica.

segunda-feira, abril 02, 2007

Desumano



Olívia é uma moça jovem. Estudante de Letras da USP e escritora de um blog de grande audiência, o forsit. Representante da nova geração de escritores.

Talento que, para nossa sorte, escolheu trilhar suas primeiras letras impressas pela literatura policial.

No seu livro de estréia, Desumano, o protagonista é Márcio. Também jovem e estudante da USP. Mas, com um talento um pouco diferente das letras.

Na trama ele deve descobrir quem foi que matou sua mãe e por que. Só que antes vai ter que provar que não foi ele mesmo. Na fuga, driblando o cerco da polícia, ele conta com a ajuda de Luisa, uma moça curiosa e simpática prostituta.

Destaque para a Vila Madalena, bairro de classe média de São Paulo que acaba se transformando em uma espécie de personagem da trama. Seus charmosos e às vezes sinistros becos e ladeiras escondem segredos cuja revelação poderá custar caro.

O final não chega a surpreender, mas tem um impacto, no mínimo, perturbador. E isso já vale a investida.

Um conto que virou livro e que talvez renda até um segundo capítulo...

Abraços criminais,

segunda-feira, março 26, 2007

Entrevista exclusiva: Luiz Alfredo Garcia-Roza



O nome Espinosa, para nós brasileiros, identifica muito mais o delegado da 12a.DP em Copacabana do que o filósofo holandês do século XVII. O autor de tal proeza dispensa apresentações: Luiz Alfredo Garcia-Roza, referência quando se fala em literatura policial brasileira. Depois de colocar seus fiéis leitores em estado de alerta, ao lançar o romance Berenice procura sem seu mais famoso personagem, Garcia-Roza devolve para nós o delegado Espinosa, em Espinosa sem saída. Leia a entrevista exclusiva concedida à LivrariadoCrime.

segunda-feira, março 19, 2007

trilhasonora4/ferrovia do crepúsculo/james lee burke




ele engraxou os sapatos de todo elenco da produção cinematográfica evangeline, de 1929, e lustrou os sapatos da orquestra de harry james e do senador huey long pouco antes de ser assassinado.

as janelas do lugar trepidavam e até mesmo balançavam com a reverberação provocada por pés dançando, acordeões, baterias e guitarras elétricas cuja microfonia gritava alto como unhas arranhando a ardósia.

ninguém se lembrava do nome do músico, exceto pelas pessoas que, nos anos 50, acreditavam ser ele o maior talento surgido desde bix beiderbecke. o som melancólico de seu trompete hipnotizava platéias inteiras que assistiam a seus concertos ao ar livre na praia de west venice. seus cabelos e olhos negros, a pele clara e uma beleza fatal que parecia morar em seu rosto, qual uma rosa branca desabrochando em meio a luzes negras, tudo isso fazia com que as mulheres virassem o rosto para encará-lo ao passarem por ele na rua. sua interpretação de my funny valentine fazia a gente pensar sobre a natureza mutante das coisas, sobre a morte, com tamanha intensidade que se perdia a noção de tempo e espaço.

fui policial aqui, anos atrás — respondeu ela. — ainda venho à cidade toda primavera para o festival de jazz. você gosta de jazz?
— não.
— devia experimentar — disse ela. — winston marsalis toca nesse evento. grande músico. não gosta de trompete?

scarlotti não passa de um bandidinho desprezível que devia estar dentro do esgoto. ora, os policiais do seriado na tevê cospem na cara dos mafiosos e saem rindo, certo? pare de se preocupar. é tudo rock'n'roll.

ela tinha seios grandes e um corpo avantajado; sua sexualidade e inocência a respeito desse mesmos atributos parecia explodir de suas roupas quando ela dançava o jitterbug ou, momentos depois música lenta, de rosto colado com hank.

nas árvores, os alto-falantes tocavam one o'clock jump; através das janelas do bar, eu podia ver casais dançando freneticamente, girando uns nos braços dos outros, enquanto se lançavam para frente e para trás.

suas mãos estavam juntas, como as de uma cantora de ópera.

diga aos músicos para tocarem my funny valentine — falei eu.

eu quase podia ouvi-lo cantando i got a freaky old lady name of cocaine katie.

o rádio do carro berrava rock'n'roll dos anos 1960.

sexta-feira, março 16, 2007

trilhasonora3/o coração da floresta/james lee burke



ao que diziam, sundance kid e a amante do seu professor, etta place, tinham se hospedado nesse hotel, assim como os artistas de vaudeville eddie e will rogers.

de dentro vinha uma música cantada por elmore james, my time ain't long.

ele tinha caiado o interior da casa, colocado petúnias plantadas em latas de café no peitoril das janelas e pendurado a guitarra de doze cordas, o bandolim, o banjo e o violino em ganchos de paredes da sala. seu talento musical era enorme. ele se referia aos músicos de rock, blues e música country, vivos ou mortos, pelo primeiro nome ou pelo apelido, como se ele e seu interlocutor os conhecessem intimamente: hank e lefty, melissa, lester e earl, janice, kitty, emmylou, steve ray, woody e cisco.

ouço a última música deste cd. é o "rocket 88", de jackie brenston. foi o primeiro disco de rhythm and blues verdadeiro.

ele arrancou com duas mãos o rádio que ficava no painel e jogou-o no chão como se fosse um animal morto.

sua singularidade estava na tradição, que datava da década de 1940, quando as orquestras de salão tocavam glenn miller no terraço.

você sabia que jerry lee lewis foi expulso da faculdade de teologia daqui?

ao pôr-do-sol, uma banda composta de músicas com chapéu duro de palha e jaquetas listradas tocava san antonio rose.

lucas tinha acabado de tomar banho e vestir um jeans limpo e uma camisa esporte, e estava começando a tocar the wild side of life na guitarra, ouvindo as notas subirem no amplificador e vibrarem no ar como borboletas elétricas.

então a banda de lucas entrou no centro da arena, olhando para as milhares de pessoas sentadas nas arquibancadas, e deu início à festa tocando blue moon of kentucky.

ao fundo jerry lee lewis cantava i could never be ashmed of you.

quinta-feira, março 08, 2007

trilhasonora2/o dicionário do diabo/ambrose bierce



asno: cantor popular com boa voz e pouco ouvido.

aplauso: moeda usada pela ralé para pagar aqueles que a divertem e a devoram.

berimbau-de-boca: instrumento pouco musical que se toca prendendo-o entre os dentes e tentando escová-lo empenhadamente com os dedos.

clarinete: instrumento de tortura executado por uma pessoa com algodão nos ouvidos. só há dois instrumentos piores do que um clarinete: dois clarinetes.

dançar: pular ao ritmo de uma música alegre, de preferência com os braços ao redor da esposa ou filha do seu vizinho. existem vários tipos de danças, porém aquelas que requerem a participação dos dois sexos têm duas características em comum: são candidamente inocentes e ardorosamente apreciadas pelos depravados.

fonógrafo: brinquedo irritante que devolve a vida a ruídos mortos.

ópera: espetáculo cuja ação se passa em um outro mundo, cujos habitantes não falam, mas cantam; não têm gestos, mas ademanes; nem atitudes, mas poses. todo espetáculo é simulação, e a palavra deriva de símia, "macaco".

piano: utensílio de sala destinado a afastar um visitante contumaz. funciona massacrando-se as teclas do instrumento e o espírito dos ouvintes.

ruído: fedor nos ouvidos. música não-domesticada. principal produto da civilização e seu sinal mais característico.

violino: um instrumento que faz cócegas no ouvido humano através da fricção da cauda de um cavalo nas entranhas de um gato.

quarta-feira, março 07, 2007

trilhasonora1/negro e amargo blues/james lee burke



eu era o maioral. estive no paramount theater, no brooklin, com allan freed, dividi o palco com nomes como berry e eddie cochran.

ele levou a garota para um bar de negros em breux bridge, se bem me lembro; um bar de zydeco ou coisa assim. que merda é isso, afinal? é música dos negros e cajuns. quer dizer "vegetais"; uma mistura de vegetais.

coloquei la jolie blonde, com iry lejeune, para tocar na vitrola, vesti os calções de ginástica e fiquei malhando na cozinha durante meia hora.

isso foi logo depois dele ter posto o auditório inteiro abaixo cantando i saw the light, no opry.

era uma foto bem antiga, de arquivo, e mostrava-o no palco, sapatos de camurça, calças franzidas, um casaco esporte branco de lantejoulas, a guitarra sunburst pendurada no pescoço.

pedi um filé de frango e um café e fiquei ouvindo a versão de jimmy clanton para just a dream que vinha da vitrola automática no ambiente ao lado.

só que esse cara não tinha nada de engraçado. ele achava que rock'n'roll era coisa de negros e adoradores do diabo.

então, bolei uma canção sobre isso; de cabeça mesmo. podia ouvir todas as notas, as batidas, o contrabaixo me acompanhando.

...la jolie blonde, que instantaneamente fazia com que o ano voltasse a ser 1945.

just a dream, de jimmy clanton, tocava em todas as vitrolas automáticas do sul da louisiana, naquele verão, e os rádios dos carros no drive-in estavam sempre sintonizados no randy's record shop à meia-noite, quando randy dava início à madrugada com o programa sewanne river boogie.

quando o cara começou a tocar big boss man, qualquer um podia ver que ele já havia passado por parchman farm; ninguém consegue fingir esse tipo de sentimentos, filho.

ele construiu uma plataforma para o piano em seu clube, uma daquelas que sobem até os refletores enquanto o cara está tocando.

ficou andando pela casa, mal humorado, e então foi com sua guitarra sunburst até a varanda de trás, sentou-se nos degraus e começou a tocar, palheta nos dedos, e a entoar uma canção que eu ouvira antes apenas uma vez, há muitos anos. a letra seguia a melodia de just a closer walk with thee.

dixie armou um acorde de blues no alto do braço da guitarra e veio descendo com os dedos.

sábado, fevereiro 24, 2007

O Crime mais Cruel



O livro de Miriam Mambrini é mais um lançamento da literatura policial brasileira em 2006. O primeiro da coleção "Elementar, meu caro leitor", da Editora Bom Texto. Coleção que terá inclusive meu amigo Júlio César Corrêa, com "Crimes e Perversões", na próxima edição.

Não é exatamente um policial clássico. Está mais para um suspense psicológico. Se é em situações extremas que a natureza humana se manifesta na sua forma mais pura, então aqui a gente percebe como ela pode ser mesquinha, frustrada, egoísta e arrogante.

Um tio que vê no sequestro do sobrinho a grande oportunidade para sua falta de criatividade em escrever um livro policial.
Uma mãe que durante o sequestro consegue arrumar tempo para um romancezinho.
Uma empregada doméstica que está mais preocupada em culpar sua companheira de trabalho na casa do que com a própria integridade da criança.
Uma irmã ciumenta que a última coisa em que pensa é na saúde do irmão.
Um pai que parece mais querer aperfeiçoar seu poder de negociação e testar sua performance em situações de pressão.
Parentes e amigos que estão mais interessados nas notícias fresquinhas sobre o sequestro do que com o sequestro em si.
E ainda uma ex-mulher que durante o sequestro vem com a seguinte pérola: "Lembre-se que o valor do resgate já será parte da herança do garoto, portanto o mesmo montante deverá ser transferido para os seus dois outros filhos".

Toda uma série de pequenos crimes - delitos de personalidade. Que estavam sempre ali, presentes, uns mais adormecidos do que outros, só esperando uma oportunidade para virem à tona.

Vieram e não vão embora tão cedo.

Abraços criminais,


Off-Topic:

Cabe sospechar que ciertos críticos niegan al género policial la jerarquía que le corresponde solamente porque le falta el prestigio del tedio. (...) Ello se debe, quizá, a un inconfesado juicio puritano: considerar que un acto puramente agradable no puede ser meritorio.

JORGE LUIS BORGES y ADOLFO BIOY CASARES

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Roubaram o Falcão Maltês! De novo?



O falcão é o mesmo. A cidade é a mesma. E quem levou a estatueta também é um mistério.

Dashiel Hammett escreveu o clássico romance em 1932. Uma das mais aclamadas obras da literatura noir ou hard-boiled americana. A trama toda gira em torno da estatueta de um falcão - peça extremamente valiosa. Sam Spade se envolve no jogo e acaba vendo seu sócio assassinado por causa do objeto. O livro está em 10 das 10 listas de melhores (ou mais importantes) obras da litertura policial de todos os tempos.

O Falcão Maltês revolucionou a história da literatura policial. Mudou a cara dos textos. Os detetives deixam de ser somente cerebrais, largam suas mansões e os mistério das classes mais abastadas e vão às ruas. São caras durões, valentes e mulherengos. E têm que ser assim já que estamos na depressão, um período entre guerras, barra pesada. E os detetives, os crimes e as cidades refletem este clima.

A obra foi levada ao cinema em 1941, por John Huston e transformou-se em obra-prima. Humphrey Bogart consagrou-se no papel de Sam Spade. Aliás, na minha opinião, o filme "Relíquia Macabra" é uma das melhores adaptações literárias para o cinema.

A questão é que uma réplica do Falcão Maltês acaba de ser surrupiada do centenário restaurante John's Grill. O restaurante, além de servir grelhados e saladas, abriga um museu dedicado à literatura de Hammett. A decoração do restaurante preserva
o clima da San Francisco dos anos 30-40, palco de grande parte da obra do autor.

O proprietário do restaurante, John Konstin, que várias vezes atendeu o próprio Dashiel Hammett, está indignado. "A estátua tem um significado histórico para o restaurante e para a cidade. As pessoas vêm do mundo inteiro para ver o passáro. E nós o queremos de volta." Está até oferecendo uma recompensa pelo falcão.

Palhaçada! Engraçado? Não para nosso amigo John.

A fonte: Los Angeles Times, 14 de fevereiro de 2007.

Abraços criminais,

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Georges Simenon: parabéns para você!



Se estivesse vivo Georges Simenon completaria hoje 104 anos.
Um dos mais prolíficos autores policiais (utilizou cerca de 20 pseudônimos), considerado um dos maiores escritores do século XX e criador de um dos mais famosos detetives da história, o Comissarie Jules Maigret.

Foram 75 novelas com o detetive, de 1931 - fazendo ressurgir o Roman Policier francês - até 1972. Fora centenas de outras obras, Maigrets e Não-Maigrets, como ele mesmo definia.

Jules Maigret, além do cachimbo e do chapéu, caracteriza-se por ser um detetive de abordagem humana. Apesar de não tolerar os crimes, muitas vezes se coloca no lugar dos criminosos, estudando seu ambiente e suas possíveis motivações.




É um policial honesto, culto e marido fiel e tranquilo. Personalidade um pouco diferente talvez de seu criador. Um dos vários biógrafos de Simenon disse certa vez que escrever era uma distração para o sexo. Segundo o próprio Simenon ele teve em sua vida mais de 10.000 mulheres. Versão contestada por sua esposa - que afirmava que eram aproximadamente 1.200.

Uma pequena passagem de sua vida demonstra um pouco de sua personalidade. Ao completar 70 anos, em 13 de fevereiro de 1973, Simenon mandou que sua secretária inglesa, Joyce Aitken, solicitasse ao consulado belga em Lausanne, na Suíça, onde morava, a susbstituição da palavra "escritor" pela designação "sem profissão" em seu passaporte. Tinha cansado de escrever.

Um pouco antes, em 1966 ganhou o Grand Master Award do Mystery Writers of America.
Seus livros foram várias vezes adaptados para o cinema e para a televisão.

Fica a nossa lembrança.

Abraços criminais,

domingo, fevereiro 11, 2007

O Paradoxo Grego




O Paradoxo Grego é sem dúvida um dos grandes lançamentos de 2006. O livro pode ser classificado como um thriller de suspense. Brasileiro e de primeira linha.

Depois de "O mercador de Café" e "No Rastro de Chet Baker", voltamos a Amsterdã. Mas agora as questões que se colocam são a ética e o prolongamento da vida. O que aconteceria se de uma hora pra outra a expectativa de vida da população pulasse para 150 anos?

Com certeza muita grana iria mudar de mãos. E numa ponta, sem dúvida, estariam os inventores do elixir da juventude. Mas não antes de algumas mortes e puxadas de tapete.

Andrew Gritti, cientista americano especializado em pesquisas de anti-envelhecimento é convidado por um amigo a conhecer novas descobertas em sua área de pesquisa. Quando chega a Amsterdã, seu amigo está morto.

Gritti, que não é exatamente um exemplo de ética, se vê envolvido em uma grande cilada. Ao mesmo tempo encara a grande oportunidade de sua vida. E ele não está disposto a deixar tudo de lado e sair de Amsterdã com as mãos abanando.

No meio da trama, personagens bem interessantes: dois detetives holandeses fãs de romances policiais, algumas femme-fatales, um pastor, uma blogueira brasileira e muito, muito, cupuaçú.

Jeff Chandley (é brasileiro, apesar do nome estrangeiro) constrói bem os cenários e os personagens. Percebe-se um intenso trabalho de pesquisa para o desenvolvimento da obra. Aborda um assunto um tanto polêmico e consegue fazer um balanço interessante entre Ciência e Religião, talvez com uma tendência um pouco exagerada para esta última. Mas nada que faça com que a obra perca seu viés de suspense e surpresa.

Que 2007 traga obras tão boas como esta de Chandley.

Notas do livreiro:

1. O autor em duas oportunidades cita o filme Cocoon (Cocoon, 1985), onde um grupo de idosos encontra na piscina do asilo a fonte da juventude. Bom filme, que assisti alguma vezes na sessão da tarde.

2. Outro filme citado pelo autor é "O Inimigo de Estado" (Enemy of the State, 1998) em que Gene Hackman é um advogado implacavelmente perseguido pelo governo americano.

3. O livro tem até site oficial: www.oparadoxogrego.com.br. Vale a pena uma visita.

Abraços criminais,

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Raymond Chandler - Coleção de Chris Vandenbroucke




Raymond Chandler é de fato um dos grandes autores de romances policiais. A análise de suas obras merece um capítulo a parte e é trabalho para mais de um post. Prometo retomar o assunto quando a pesquisa estiver um pouco mais adiantada.

Um dos mais importantes escritores da linha policial denominada "hardboiled" (com detetives mais barra pesada e que transitam bem nos guetos e nas festas da alta sociedade) é o criador de Philip Marlowe, um dos mais famosos detetives da literatura.

Chandler exerce tamanho fascínio que levou nosso amigo belga Chris Vanderbroucke a cultivar uma enorme coleção de sua obra. Segundo a pesquisa de Chris são mais de 1750 diferentes edições (50 delas em português), em mais de 20 diferentes línguas, dos textos de Chandler. E ele já conseguiu quase 1000 delas.

E a obra de Chandler não é tão numerosa: são 7 romances e mais uma série de contos. Mas renderam 15 adaptações para o cinema e quase 50 publicações de estudos sobre ela (sendo 6 biografias).

Chris achou a Livraria do Crime por suas andanças na net. Rapelou nosso estoque de Chandler e foi muito gentil em responder às perguntas da nossa curiosa amiga Bia sobre sua coleção.

Vale a pena conferir a entrevista. O que ele acha de Chandler? "Simplesmente, o melhor. Os livros de Raymond Chandler são obras-primas atemporais e influenciaram a maioria dos escritores contemporâneos."

E quem vai discordar?

Abraços criminais,